#RLL - Divina comédia (Inferno)

>> quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Resenha Literária Livre de hoje será dantesca!


#rll - Divina comédia
Disciplina: Literatura Comparada - literatura e morte
Autor: Dante Alighieri (italiano, de Florença)
Ano: séc. XIV - por volta de 1315

Saltamos alguns séculos desde o último livro e chegamos a uma obra que é um marco da cultura italiana e representa uma revolução do ponto de vista dos gêneros literários. O fio que liga essa obra às anteriores, como diz meu professor, é o mesmo que liga os homens: a morte. Aqui, nós também temos diálogos dos mortos (o único vivo é Dante). Entretanto se, até agora, a literatura representava o passado épico - distante -na Divina Comédia (originalmente só Comédia) a narrativa é extremamente marcada pelo presente do autor. Ao assinar sua obra e "representar-se a si mesmo", Dante indica uma ruptura com o  pensamento medieval teocêntrico que não valorizava o indivíduo, a individualidade. Na Idade Média, grande parte das obras não eram assinadas. Dante representa uma mudança de paradigma também ao utilizar a língua italiana - que era apenas uma forma vulgar do latim, uma língua do povo - para a literatura, com um fim nobre. A partir da Comédia, a própria língua italiana ganhou força como uma língua independente do latim, ganhou status de língua oficial, unificadora das províncias do país. Hoje, na Itália, a Divina Comédia é o livro mais vendido, (depois da Bíblia), conhecido e lido, é o livro do qual são tiradas as lições de italiano, é o primeiro livro que todo italianinho lê, independentemente da classe social.

Ao mesmo tempo em que usa a língua italiana de um modo totalmente novo pra época, Dante continua ligado à tradição grega e latina. Sua obra teve grande influência de Virgílio (autor de Eneida, a epopeia latina) e, não por acaso, é o próprio Virgílio, "mestre dos poetas", que o guia em sua visita ao Inferno e ao Purgatório. E aí, a primeira coisa que a gente pensa é: por que Virgílio, pagão, anterior ao Cristianismo, tem esse moral todo no além cristão? Ora, Dante não podia negar toda a sua tradição cultural e literária greco-romana, e também não podia negar sua própria formação cristã. O resultado deste embate entre homem clássico e medieval foi uma obra híbrida, inovadora e que diz muito sobre seu tempo e o homem de seu tempo.
 Bouguereau, Dante e Virgílio no Inferno
Em seus cem cantos (33 para o Paraíso, 33 para o Purgatório e 34 para o Inferno, sendo que o 1 desses é tipo uma introdução), a Divina Comédia nos apresenta  alguns dos cenários mais deslumbrantes, aterrorizantes e fascinantes da literatura mundial. Aqui vou me deter no inferno, que já é muito, e é também a parte mais divertida!

Na "selva selvagem", Dante encontra Virgílio, que explica que o guiará pelos Círculos do Inferno e do Purgatório até sua amada, Beatriz, que o espera na porta do Paraíso. A cada círculo, Dante descreve com riqueza de detalhes que tipo de pecador está lá e qual o seu castigo eterno. Alguns dos que lá se encontram são seus inimigos pessoais na "vida real" - uma bela forma de se vingar, não? Há também muitas figuras da mitologia grega: Dante "pegou emprestado" muitos elementos do Hades grego, que, como vimos na Odisseia, era o lugar pra onde iam todos os mortos (bons ou maus), para "desenhar" o Inferno Cristão - lugar de castigo, da danação eterna.

No Primeiro Círculo do Inferno está uma o Limbo: lá ficam os "pagãos inocentes", crianças que morreram sem ser batizadas e os homens bons que viveram na Antiguidade (e não se converteram porque deram o azar de nascer antes de Jesus). No Segundo, estão os luxuriosos, no Terceiro, os gulosos, no quarto, os avarentos e os esbanjadores. No Quinto círculo, estão os irascíveis, os que foram irados em vida, e a sua pena é viver num lugar cheio de lodo, se batendo, devorando seus próprios membros, como selvagens. (Já deu pra sacar porque depois os portugueses chamavam o Brasil de quinto dos infernos, né?) [carece de fontes pra eu saber se é isso mesmo, as informações a este respeito na net são confusas!]
Para o Sexto círculo vão os heréticos, para o Sétimo, os violentos - contra o próximo, contra si mesmo (suicidas) ou contra Deus. No Oitavo estão os que praticaram algum tipo de fraude (inclusive mágicos, adivinhos, falsários, hipócritas e os corruptos). Finalmente, no Nono círculo, encontram-se os traidores - da pátria, da raça, dos amigos e de seus benfeitores. 

Dante, galã da Baixa Idade Média
As imagens do Inferno são ricamente descritas por Dante, e inspiraram e inspiram muitas representações artísticas, expressões como "inferno de Dante" e o adjetivo "dantesco". Assim como a Odisseia, eu li a versão em prosa, porque é mais fácil mesmo. Li o livro todo quando eu entrei na graduação, por curiosidade, e reli agora a parte do inferno pra disciplina. Pra quem tiver preguiça e quiser ler só uns pedacinhos, antes de cada Canto tem uma espécie de resuminho de três linhas dizendo o que vai acontecer. Aí, você pode só ir lendo os resuminhos e vendo as figuras (as figuras valem muito a pena! rs). Para quem quer começar uma biblioteca particular, uma boa edição da Divina comédia (bilíngue, ilustrada por Gustave Doré, com capa dura e título em letras douradas - #sonho) é uma ótima aquisição.  

Peraí: Dante de Florença (Florentino), Beatriz, anjos, pecados? Se você é noveleiro (será que existe um círculo pra eles?) e acha isso tudo familiar, é por isso.

Divirta-se colocando, como Dante fez, seus amigos - ou inimigos - no círculo que você quiser.
Mas, e aí, em qual círculo você está? 

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#RLL - Diálogos dos mortos

>> quarta-feira, 29 de junho de 2011

As obras aqui comentadas são tema de discussões profundas e calorosas, artigos, dissertações e teses, e a fortuna crítica sobre elas está sempre aumentando e se renovando. A intenção do blog é somente apresentá-las, de uma maneira conscientemente superficial e descontraída, a quem possa se interessar, sem a menor pretensão de esgotar o assunto. Críticas, sugestões e comentários serão sempre bem-vindos!

#rll - Diálogos dos mortos
Disciplina: Literatura comparada - literatura e morte
Ano - séc. II d.C.

Luciano de Samósata, esse autor que eu só conheci porque usei na minha monografia, foi um dos maiores escritores da chamada sátira menipeia (de Menipo), um dos gêneros do qual se originou o romance, como afirma Bakhtin. Suas obras têm muitas características do que veio a ser o romance da modernidade: apelo à fantasia, descrições detalhadas, aventuras extraordinárias. Seus escritos influenciaram grandes romancistas posteriores, de Cervantes e Machado de Assis.

Lucianus
Os Diálogos dos mortos são uma coletânea de 30 diálogos curtos que parodiam os diálogos dos mortos da Odisseia, quando Ulisses desce ao Hades, no Canto XI. Se em Homero os personagens eram heróis e nobres, em Luciano, os personagens principais serão os filósofos cínicos, que, por terem se preparado a vida inteira para a sua morte, não choram a sua condição de finados, ao contrário, divertem-se às custas daqueles que continuam apegados às posses terrenas. O que era sério, glorioso e inacessível em Homero, torna-se cômico, próximo e cotidiano em Luciano - o homem é apresentado em sua condição mais miserável - Helena, a mulher mais bonita do mundo cujo rapto motivou a guerra de Troia, é agora, no mundo inferior, apenas um esqueleto como os outros. Os cínicos apontam e zombam: "é por causa desse monte de ossos que tantos homens morreram?
Diógenes
Entre os personagens cínicos estão Menipo, Diógenes (que vivia num barril, tipo o Chaves) e Antístenes. É interessante notar que, como aconteceu com muitas outras palavras, com o passar dos séculos e com a colaboração de vários fatores, como os religiosos, a palavra "cínico" foi extremamente manuseada e re-significada, chegando aos nossos dias com a conotação pejorativa de "descarado, desavergonhado", sem contar os usos populares que a definem como sinônimo de "dissimulado". 
O cínico, aquele que vivia como um cão (daí a origem da palavra) que vivia como a vida lhe permitia viver "pregava" (mais que isso, praticava) o desapego e a transgressão à ordem social, o desmascaramento dos poderosos através da ridicularização de seus defeitos, da zombaria, do riso, da sátira. O cínico se contenta com o que a vida oferece, não ostenta riqueza (como os nobres) ou conhecimento (como os demais filósofos), sabendo que tudo é passageiro.

Como eu disse antes, eu nunca tinha ouvido falar de sátira menipeia, cínismo na literatura, diálogos dos mortos e Luciano de Samósata antes de fazer a monografia. Assim, fui pra leitura sem nenhuma opinião formada, livre, leve e solta. O que mais me surpreendeu na leitura do livro foi a atualidade dos temas e a força moralista dos diálogos: representa-se a morte para se falar da vida, os mortos são criticados para que quem ainda  vive "se conserte".

Eu recomendo a leitura, que é leve e divertida. As notas de rodapé (que explicam quem é quem) ajudam o leitor a tirar maior proveito e entender melhor algumas tiradas. O livro é curto e fragmentado em diálogos, dá pra ler um de cada vez, em cinco minutinhos cada.

Trago um curtinho (p. 59 desta edição) pra vocês conhecerem (na dúvida, google ou clique nos links, que são as notas de rodapé da pós-modernidade):

DIÁLOGO III - Creso, Midas. Sardanápalo, Plutão e Menipo
Creso - Plutão, não dá mais para aguentar esse Menipo aí como vizinho. Ou tu o transferes para um outro lugar ou nós mudaremos para outra casa.
Plutão - Que coisa terrível ele está fazendo? Ele não é um morto igual a vós?
Creso - É que quando nós estamos gemendo e nos lamentando, lembrando-nos das coisas lá de cima: o Midas, que aqui está, do ouro; o Sardanápalo, do grande luxo, e eu, Creso, dos meus tesouros, ele fica zombando de nós e nos criticando, chamando-nos de escravos e de nomes feios. Com frequência eles nos perturba os gemidos com seus cantos. Em suma, está duro de aguentar.
Plutão - O que é que eles estão dizendo, Menipo?
Menipo - A verdade, Plutão. Eu os odeio. São uns desqualificados, uns perdidos. Não lhes bastou ter vivido mal, mas, ao contrário, mesmo depois de mortos continuam se lembrando e presos às coisas lá de cima. E aí eu me divirto em aborrecê-los.
Plutão - Mas não devias... eles estão sofrendo por terem sido privados de coisas não pequenas...
Menipo - Também tu, Plutão, vais ficar falando bobagens, dando crédito às lamentações desses indivíduos?
Plutão - Não, de forma alguma. Mas é que eu não gostaria que houvesse discórdia entre vós.
Menipo - Pois bem, oh piores dos Lídios, dos Frígios e dos Assírios, ficai sabendo que eu não vou parar, para onde quer que fordes eu vos seguirei perturbando, cantando, zombando.
Creso - E isso não é abuso?
Menipo - Não. Mas abuso foram aqueles atos que vós praticáveis, julgando-vos dignos de adoração, atentando contra homens livres, esquecendo-vos da morte. Por isso mesmo, continuai a gemer, privados que estais de todas aquelas coisas.
Creso - ... de muitas e enormes posses!...
Midas - ... e eu, de quanto dinheiro!...
Sardanápalo - ... e eu, de quanto luxo!...
Menipo - Muito bem, continuai as lamentações; e eu, sem parar, vou ficar cantarolando "conhece-te a ti mesmo"; na verdade, essa cantilena combina bem com esse tipo de lamentação.

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#RLL - Odisseia

>> terça-feira, 28 de junho de 2011

RLL's são Resenhas Literárias Livres 
O objetivo das RLL's é apresentar alguns dos livros que eu tive que ler pra pós, da maneira que eu bem entender. Por isso, se você é um literato purista, aqui não é seu lugar. Se você se interessa por literatura e gosta de indicações literárias, você vai gostar. Se você nunca teve coragem ou interesse pra ler um livro inteiro na vida, bem... melhor não dizer o que eu penso de você.

Seguindo uma ordem cronológica, o primeiro livro a ter uma #rll é Odisseia.
Disciplina - Literatura Comparada - literatura e morte
Autor - Homero (convencionalmente)
Ano - provavelmente séc. VIII a.C.

Odisseia, ao lado da Ilíada é um daqueles livros que todo mundo conhece mas ninguém nunca leu. Tive que ler pra disciplina e descobri algumas coisas que todo mundo das letras sabia menos eu, e que agora compartilho.
Homero era um aedo e, provavelmente, ele nunca existiu (hã?). A crítica moderna acredita que ele é um ser fictício, e que os poemas a ele atribuídos tiveram vários autores e foram transmitidos oralmente de geração para geração até serem escritos. A versão escrita mais antiga que se conhece data do séc.  VI a.C. O texto que conhecemos foi compilado e "revisado" por eruditos de Alexandria, entre os séc. III e II a.C.

Na Ilíada, é narrado o último ano da guerra dos aqueus (gregos) contra troianos, que durou 10 anos. Diz a lenda que a guerra mais famosa da cultura ocidental começou porque Páris, príncipe troiano, raptou Helena, a mulher mais bonita do mundo, esposa de Menelau, rei de Argos. E para os heróis, se mexeu com um, mexeu com todos, então, foram-se todos para a guerra.
Como depois de 10 anos, muitas mortes e heroísmos, ninguém conseguia ganhar a disputa, Odisseu teve a ideia que deu a vitória aos gregos: o cavalo de Troia, o presente de grego, expressões tão fortes que a gente usa até hoje sem saber direito de onde vieram, assim como "agradar gregos e troianos". Os gregos construíram um cavalo enorme de madeira e colocaram diante dos portões de Troia. Os troianos, achando que era um presente do inimigo que indicava rendição, colocaram o cavalo dentro da fortaleza. Durante a noite, os guerreiros que estavam escondidos dentro do cavalo, oco por dentro, saíram e abriram os portões da cidade. Os gregos entraram, tomaram a cidade, mataram um bocado de gente e ganharam a guerra.

Enquanto espera o retorno do marido,
Penélope diz que só escolherá um pretendente
quando terminar de fiar sua tela. Assim, ela tece
durante o dia, e desmancha o trabalho feito
durante a noite.
A Odisseia conta a volta de Odisseu (ou Ulisses, seu nome latino) para casa, em Ítaca, onde deixara o filho, Telêmaco, e a esposa, Penélope. Essa volta pra casa dura também dez anos (número simbólico), e é cheia de peripécias, aventuras, heroísmos e trapaças. Odisseu é considerado um herói que carrega em seus atos certa ambiguidade - ao mesmo tempo em que possui as virtudes do típico herói grego, ele usa da mentira e do embuste para "se dar bem". Acompanhamos o desenrolar da história para saber se e como ele chegará em casa, se encontrará a mulher esperando por ele ou já com outro (porque esperar dez anos sem nem saber se o marido tá vivo, né? a fila anda!). Daí, o termo "odisseia", (como no título do filme 2001: uma odisseia no espaço), refere-se, hoje, a uma longa e turbulenta viagem, como a de Odisseu. 
Para poder ouvir o belíssimo canto das sereias
sem ser seduzido para o fundo do mar,
Odisseu pede para que seus companheiros
 o amarrem ao mastro do navio.
Mas por que Odisseu demorou tanto pra voltar pra casa? Ora, primeiro, porque naquele tempo não existia google maps (brinks), depois, porque o deus dos mares, Poseidon, com raiva dele, fez de tudo pra impedir a volta pelo mar: os ventos eram sempre desfavoráveis, havia monstros marinhos e redemoinhos mortais. 

Acredita-se que existiram outras histórias contando a "volta pra casa" de outros heróis da Guerra de Troia, mas a única que chegou a nossos tempos foi a de Odisseu. Por sua força narrativa, seu caráter fundador da literatura ocidental, a Odisseia é lida e estudada ainda hoje. Para o leitor de prosa do século XX e XXI, a forma em verso é penosa - recomendo a versão em prosa da Cultrix, que é melhor do que não ler de jeito nenhum. As grandes obras literárias da nossa cultura sempre voltam a Homero - parodiando, criticando, fazendo referência, porque ele é um pilar, é a base de tudo o que veio depois. Apesar da aparência sisuda, é uma leitura agradável, que nos transporta a um mundo em que deuses, ninfas, adivinhos, sereias, gigantes e mortais dividem o mesmo espaço, onde tudo é mágico e tudo acontece segundo um Destino implacável.

Odisseu no Hades
Interessa especialmente para a minha disciplina de literatura e morte o Canto XI, o "canto da descida", no qual Odisseu vai ao Hades - reino dos mortos - tentar falar com Tirésias, adivinho, para saber como ele vai chegar em casa, e o que vai encontrar lá. Nessa descida, Odisseu encontra muito mais: sua mãe, o herói Aquiles, lamentando por ter morrido, esposas de grandes reis, todos querendo notícias do mundo dos vivos, lamentando a saudade e a condição de mortos. Ali, Odisseu, herói, corajoso, pressente a própria morte e dela foge, afinal, "antes ser um covarde vivo do que um herói morto".

Do ponto de vista do gênero, a Odisseia é um poema épico que, diferentemente do romance, trata sempre de um passado mágico, mítico, distante, ao qual aqueles que ouvem ou leem a história no presente não têm acesso. Pro teórico russo Bakhtin, trata-se de um gênero monológico, ou seja, toda a obra é narrada pelo mesmo ponto de vista, não há conflito de ideias e posicionamentos, não há interações de vozes discursivas, não há dialogismo. Essa relação entre o presente do leitor e da obra mudará radicalmente nos nossos próximos livros.

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Eu, mestranda

>> quinta-feira, 23 de junho de 2011

Foi lançado o edital da seleção de mestrado e doutorado do TEL/UnB 2011. Aos amigos que possam se interessar, sugiro que cliquem aqui.
Como é do conhecimento de todo mundo que perguntou ou me viu gritando de alegria, eu passei na seleção do mestrado do ano passado. Escrevo esse post contando como foi o antes-durante e depois e como está sendo a vida de mestranda, caso alguém queira fazer a seleção ou só esteja curioso mesmo.

Eu fiz minha monografia no 1/2010, um semestre antes de formar. O título foi: Memórias Póstumas de Incidente em Antares: dialogismo e morte no romance cínico de Erico Verissimo.
O título ficou longo, mas ficou claro: meu tema é morte na literatura, meu romancista é o Verissimo e o meu teórico é o russo Mikhail Bakhtin, que trabalha dialogismo e carnavalização na literatura. Pra falar de morte eu tive que falar no nosso defunto-autor Brás Cubas e dos diálogos dos mortos do cínico Luciano de Samosata, que eu conheci por meio do meu orientador.

Transformei a monografia em um projeto de dissertação e me inscrevi no processo seletivo de 2010. O título do projeto foi "Liberdade e Morte em O prisioneiro e Incidente em Antares, de Erico Verissimo: uma perspectiva bakhtiniana". Depois de passar na prova de língua estrangeira, na avaliação do projeto, na prova escrita de teoria literária e na arguição teórica/entrevista, num processo seletivo que durou mais ou menos dois meses, consegui a vaga (aeeeeee) e me tornei oficialmente mestranda em literatura pela UnB. O curso tem dois anos de duração, e nesse tempo eu preciso cumprir 16 créditos (ou quatro matérias). No primeiro ano eu vou fazer as disciplinas (já estou finalizando duas), e o segundo ano será todo dedicado à escrita da dissertação.

Se você continuou lendo até aqui, você me pergunta: Por que, Bruna? Por que você foi inventar de emendar no mestrado em vez de estudar pra passar em outro concurso, ou descansar dos quatro anos de graduação? Por quê? Por queeeeeeeeeeeeê?

E eu respondo: Sei lá! 

Primeiro, eu não achei que fosse passar no processo seletivo. Afinal, eu sou uma pirralha e nem fui nerd na graduação. Maaas, passei. E tô gostando! Eu sou apaixonada por Literatura, apaixonada pelo Verissimo (ele é muito foda!, diguidim, diguidim) e ler e escrever são as duas únicas coisas que eu sei fazer na vida.


As primeiras aulas foram tensas. Tive a impressão de que todo mundo já tinha lido todos os autores importantes, menos eu, todo mundo já tinha visto filmes cults, sabia os nomes de autores desconhecidos, sabia tudo sobre a história recente do Brasil e do mundo porque "estava lá", todo mundo entendia e fazia piadinhas literárias (menos eu, que nemli), enfim, nas primeiras aulas eu me senti um e.t., um peixe fora d'água, um estranho no ninho e pensei em desistir. (música de drama)

Mas, nesse momento, meus guias intelectuais me deram uns tapas e disseram "Controle-se". E lá fui eu estudar. E que bom que eu continuei, porque é de Literatura que eu gosto, e é com ela que eu quero trabalhar pra sempre s2

Como em qualquer ambiente que tem chefes, dinheiro e alguém que obedece, na pós também tem picuinhas entre o pessoal e diferenças entre as pessoas - aluno especial, aluno regular, metrando, doutorando, professores, chefes do dpto., etc. Tem também o capescentrismo. Porque funciona assim: nem todo mundo pode ou consegue, como eu, trabalhar e fazer uma pós ao mesmo tempo. O número de bolsas da CAPES é um atrativo pros alunos, e os alunos bolsistas precisam ser os mais dedicados do mundo. O n. de bolsas que o Programa de Pós-Graduação ganha pra oferecer é estabelecido de acordo com o conceito de qualidade dado pelo governo. Quanto maior o conceito, maior a quantidade de bolsas, mais alunos bolsistas, mais alunos bons que vão manter o conceito bom pra ganhar mais bolsas e mais alunos bons pra manter o conceito (pra sempre). Isso tira um pouco da liberdade da gente, porque tudo tem que ir pro currículo lattes, tudo tem que ter patrocínio da capes ou do cnpq, tudo tem que ser publicado, virar seminário, simpósio, evento, valer certificado... E quem é mais citado, quem ganha mais recurso, quem tem o maior conceito se acha mesmo o melhor, e, em resumo, isso leva a picuinhas políticas e financeiras internas e faz o povo de odiar às vezes. Essa parte é uma chatice e eu não tô nem aí pra isso (que meu orientador não me leia).

Maaas, estudar é bom! Vou postar a seguir quais foram os livros do semestre e dar review, pra quem se interessar. Se alguém quiser conversar comigo mais detalhadamente depois sobre a pós e o processo de seleção, é só me perguntar aqui nos comentários ou nas redes sociais.

Aguardem próximos posts sobre os livros e "se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus".

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quem são essas vadias?

>> sexta-feira, 17 de junho de 2011

quem são essas vadias?
Eis que a Marcha das Vadias chega a Brasília. Depois de ver e ouvir os comentários e reações mais diversos nesse muro das lamentações pós-moderno que é a internet, resolvi dar meu pitaco também.
Marcha das Vadias vai acontecer aqui em Brasília amanhã, com concentração no Conjunto Nacional a partir do meio dia. O manifesto do movimento é contundente, claro, incisivo, merece ser lido por qualquer um que queira opinar sobre o assunto. Eu não sou feminista, mas um protesto que pede que a sociedade se una em favor da discussão sobre o estupro não pode ser ignorado. 

Ao contrário das manifestações da classe média que gosta de reclamar de tudo mesmo, o grito contra a violência contra a mulher ecoa em todas as classes sociais. A mulher vítima do estupro é tanto a empregada quanto a patroa, tanto menina a favelada quanto a jovem universitária. A diferença, é claro, vem depois: nem todas têm direito a um acompanhamento médico e psiquiátrico, ou à segurança familiar e ao apoio para denunciar e se afastar de seu agressor. Por essas diferenças eu não me uno às mulheres que, com palavras de ordem enviadas de seus computadores, acreditam que a Marcha vai mudar o mundo e unir todas as mulheres como irmãs. Não, não vai, há abismos sociais entre nós que não serão transpostos por uma ponte feita de cartazes e meias arrastão. Mas é um começo, sim.

Um dos grandes méritos desse movimento é transgredir o discurso do poder e usá-lo como sua bandeira de luta. Apesar de chocar os mais hipócritas puritanos, essa marcha não poderia ser outra que não a das vadias. Usar uma palavra que já está aí e tentar ressignificá-la, em vez de buscar outra, de inventar outra, é reafirmar a pretensão do movimento: Nós não queremos inventar uma nova sociedade, não queremos nos isolar em nossos "guetos feministas"! Queremos fazer parte dessa sociedade, sim, mas queremos fazer parte também da construção dos valores dessa sociedade! Queremos poder dar nossos significados às suas palavras!

Negar que o preconceito existe é a melhor forma de fortalecê-lo. Vamos falar às claras, então. Se, para você, ser vadia é sair à noite desacompanhada (pra trabalhar, estudar, ir pra balada), é dirigir o próprio carro ou ter a própria casa sozinha, é poder namorar sem compromisso, é falar, beber, sorrir na companhia de homens, é usar roupa curta, é não querer obedecer o marido, é desejar se vestir de forma atraente, é, inclusive, usar meu corpo de alguma forma pra ganhar fama, dinheiro, status, pra trabalhar ou fazer arte, então, sim, eu sou uma vadia.
Para mim, isso é ser independente, querer ser livre. Mas, como o discurso que está no poder é o seu, se eu saio na "marcha das mulheres independentes, ou livres, ou contra a violência", você vai dizer: "ah, isso é uma marcha de vadias!"

trollagem feminista
Pois bem, tudo o que fizemos foi antecipar o seu julgamento, e é aí que nós (o movimento) levamos vantagem nesse jogo de poder pela palavra! As vadias da marcha chamam atenção pra sua causa, fazem barulho, e tiram dos machistas o maior prazer de ver tantas mulheres juntas e desbocadas: chamá-las de vadia! Não é uma estratégia nova, (em Brasília, vide a trajetória da palavra candango), mas parece que uma amnésia bastante suspeita afeta aqueles que ainda defendem que assim "o preconceito parte das próprias mulheres". As palavras estão aí como forma de exercer e manter o poder, mas também podem e devem ser usadas como forma de transgressão e protesto.

Espero que daqui a 40, 50 anos eu possa dizer eu possa dizer à minha neta, com muito orgulho: "a vovó foi uma vadia e tanto!"

Em tempo: esse post é também uma homenagem à colega anônima do curso de Letras que foi estuprada na UnB em 2010, e a uma amiga, vizinha, mãe de família, que contou num testemunho emocionante que foi violentada e quase morta na porta de casa. Desejo que, um dia, uma piada como a do Rafinha Bastos tenha graça no Brasil. Tenha graça por ser absurda, por ser distante, porque na plateia não tenha ninguém que conheça alguém que já sofreu abuso sexual, ninguém que se sinta culpado por rir de um sofrimento que conhece. 

Que os gritos dessas vadias sejam cada vez mais fortes, para que cada vez menos vítimas tenham que gritar por socorro nos matagais, paradas de ônibus, carros e quartos cúmplices da violência contra mulheres desse país.

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Feliz Dia dos Namorados!

>> sexta-feira, 10 de junho de 2011

Eis que chega o fim do nosso envolvimento amoroso. Não é você, sou eu. Não existe outra pessoa! a gente pode continuar se vendo, como amigo! Você foi muito importante pra mim...! (opa, discurso errado!) Bom, espero que durante nossa série você, amigo leitor, tenha lembrado com um leve sorriso dos seus primeiros amores, e se perguntado por onde andarão e como estarão aquelas pessoas que um dia já foram tudo pra você, e hoje não passam de lembranças empoeiradas.
Se você for solteiro, espero que seja um solteiro feliz, mas desejo que você encontre alguém com quem compartilhar a aventura que é crescer, e se lembre do quanto é bom estar apaixonado! Se você namora, espero que seja um namoro saudável, que faça bem pra vocês dois, que torne mais alegre os dias cinzentos e mais gostosos os momentos felizes.


Claro que eu não poderia terminar a série sem falar daquilo que faz com que o Dia dos Namorados seja um dia feliz pra mim: meu próprio namoro. 
Estava eu desiludida com a vida, convencida de que não me apaixonaria nunca mais. Afinal, eu já tinha 17 anos (!!!) e não tinha uma mísera história de amor bem sucedida pra contar. Era pedir demais encontrar um cara carinhoso, romântico, inteligente, rico, divertido, bonito, fiel, e que gostasse de mim de verdade?
Bom, era mesmo pedir demais, e aí tudo o que eu consegui foi o Jhonathan. (brinks!)
A gente se conheceu durante as aulas de salsa, no anfi 4 da UnB, quando eu era caloura, no começo de 2007. A nossa história fofinha, resumida e ilustrada você pode conferir aqui.

Com ele, descobri que esse tal de "amor romântico" pode existir, sim. Mas que não é nenhum conto de fadas - afinal, como eu poderia querer um príncipe no cavalo branco, se eu não sou nenhuma princesa presa no alto de uma torre de marfim? se eu não sou nenhuma camponesa de coração puro que fala com os bichinhos da floresta? Se, mesmo que eu ganhasse uma fada madrinha, não poderia ir ao baile, porque teria certamente que estudar pra  prova do dia seguinte?
Não, eu não ganhei um príncipe. Mas conheci alguém que mudou minha vida. Com esse alguém, experimentei algo diferente do primeiro amor encabulado, dos amores platônicos da infância, da paixão cega da adolescência, da amargura de uma solidão prolongada, do vazio sem sentido da "piriguetagem". Esse "algo diferente" é bem melhor do que qualquer amor impossível da ficção, do que qualquer história fantástica de novela: ele existe. É real! Um amor que nós construímos a cada dia, que é feito de companheirismo, alegria, desejo, compreensão, conversa, respeito, paciência. Que é meu, que está aqui dentro, envolvendo todas as lembranças desses quase quatro anos. Se amanhã não for nada disso, não importa. Com essas palavras eternizo: esse amor me fez, e me faz hoje, feliz, e nada que aconteça no futuro poderá mudar isso. (que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure)
Jhonathan, nesse nosso terceiro dia dos namorados, aproveito pra te dizer, mais uma vez, o quanto esse namoro faz de mim uma pessoa melhor. Você desperta o que há de melhor em mim, você me faz querer crescer, você me faz ter certeza de que não, eu não estou sozinha - do outro lado há alguém que se importa comigo, e que hoje escolheu dividir um pouco da vida - esse bem tão precioso! - comigo.
Hoje, somos pessoas muito diferentes daqueles dois que se encontraram há quatro anos, mas se aqueles dois pudessem nos dizer alguma coisa agora, com certeza seria: Fizeram um bom trabalho! Estamos felizes  por termos virado vocês, por termos continuados juntos! 
Obrigada pelas risadas que aliviaram meus medos, pelas lágrimas que me fizeram amadurecer, pelos choques de realidade nos momentos decisivos, pelas palavras de carinho quando me senti desamparada, pelo abraço mudo que disse tudo, por vibrar com as minhas conquistas, pela confiança, dedicação, enfim, por dividir comigo com generosidade os seus segredos, as suas manias, as memórias do seu passado, as alegrias do seu presente e os planos pro seu futuro. Eu amo você, e e a cada dia aumenta minha certeza de que você é (foi) per(feito) pra mim!
***
Queridos amigos leitores, feliz dia dos namorados pra vocês! Que vocês assumam com compromisso o desafio de ser em parte responsável pela felicidade de outra pessoa.
Um "parabéns" e um abraço especial a todos os casais amigos (e são muitos, muitos mesmo! depois que eu comecei a namorar os amigos solteiros entraram em extinção!). Um ótimo dia dos namorados pra vocês, meus queridos! Me contem tudo depois! (ok, podem me poupar dos detalhes sórdidos, hehehe!)

Encerro o post e a série com um trecho de um poema do Romantismo (o pessoal era meio emo, não reparem), pra lembrar que quem vos fala é uma literata. Espero que vocês tenham se divertido. Eu me diverti! =**

Se se morre de amor! - Gonçalves Dias

(...)
Amor é vida, é ter constantemente,
Alma, sentido, coração - abertos
Ao grande, ao belo, é ser capaz d'extremos
D'altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr'ender o infinito, a imensidade,
E a natureza, e Deus; gostar dos campos,
D'aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso de nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer, a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes: 
Isso é amor, e desse amor de morre!


Amar, e não saber, não ter coragem,
Para dizer que amor que em nós sentimos (...)
Sentir, sem que lhe veja, a quem se adora.
Compr'ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos (...)
Isso é amor, e desse amor de morre!

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Na pista pra negócio!

>> quarta-feira, 8 de junho de 2011

Olá, leitor amigo que está achando esse blog muito puritano ao falar de amor ignorando a parte sexual da coisa toda: Aqui pra você!

Nós já passamos pelo primeiro amor, pelos amores de infância, pela grande paixão da adolescência, pela experiência de estar sozinho... É claro que estava faltando um post dedicado a esse grande personagem das nossas vidas: o amigo pegador. E, claro, sobre a vida sexual dele (pq às vezes parece que é só sobre isso que ele fala). Todo mundo tem aquele amigo que nunca está namorando (só um) mas sempre está acompanhado: ele tem as melhores histórias e vive fazendo inveja praquele que não pega ninguém e praquele que está preso num relacionamento monogâmico. Se ele é homem, é o pegador, o pica das galáxias, aquele que não deixa escapar nenhuma. Se é mulher, é aquela segura de si, independente, decidida, que sabe o que quer e vai atrás (quando é nossa amiga). Quando não é nossa amiga ela é só vadia mesmo. Se é gay (como o nosso amigo colaborador de hoje) todo mundo pensa que eles são "assim mesmo" e que a promiscuidade faz parte do "ser homossexual". O que não é verdade, mas essa discussão fica pra posts futuros.
Enfim, se você é esse amigo/amiga, boa sorte nos três encontros com pessoas diferentes que você com certeza já marcou pro dia dos namorados.


Se você não é esse amigo, não leia se você tiver olhos virgens. Mas se você já perdeu a inocência há tempos, se joga.
Com vocês, o amigo pegador da @VampiraPandini. Seja bem-vindo, @kaduuh 

Então, me pediram para vir aqui falar sobre minha vida, a sexual para ser mais exato, e eu como um bom amigo que sou, me fiz presente.
Eu nunca fui de namoro, mesmo achando que já tive mais deles do que o necessário para provar isso. 
Tenho meus 18 anos e já tive 3 namoros, dois deles duraram 1 mês cada, o outro um pouco mais de seus 8 meses, e todos eles terminaram comigo ouvindo a mesma frase: “Você é uma puta”.
Comecei minha vida de pegação meio cedo, meu primeiro beijo de verdade foi dos 8 para os 9 anos. O nome dela era Sheila e ela tinha 12 anos. Nunca contei para ninguém mas não foram só beijinhos, aos oito anos! Já viu, né? Eu queria tudo o que não podia e os pais dela estavam logo no comodo do lado... não fizemos nada de mais só o básico, segunda base e tals.
Em síntese, minha vida sempre foi  bem badalada, primeira guria aos 8, primeiro guri aos 11, primeira festinha aos 12, primeira boate aos 13, virgindade aos 14 e a partir daí não teve mais barreiras, perdi as contas de quantas vezes dei o truque do “ vou ao banheiro, já volto”. A vida de solteiro é de longe a coisa mais divertida que eu já experimentei.
being single is awesome!
Aos 15 comecei um namoro um tanto quanto inusitado, dois deles na verdade, e um começou logo após o término do outro. O primeiro eu conheci o cara na festinha da Unb, ele foi  uma das 17 pessoas que eu fiquei naquela noite (outra coisa que ninguém sabia), mas ele foi diferente, e 3 dias depois eu estava namorando, maaas, como é de se esperar, não deu certo.
Logo após o término eu comecei a ficar com um conhecido e, em quatro meses, outro namoro. Esse foi o mais longo e o mais divertido! Por ser com alguém que já conhecia minha fama, o namoro não foi nada ortodoxo, me sentia mais solteiro do que antes, porque a emoção de ir para uma Dark Room eu só tive com esse cara, uma  pegação louca com umas 7 a 10 pessoas - foi um dos picos da minha adolescência, also minha primeira experiência com menage á trois. Gosto de brincar qeu foi assim: fiz com 10 depois comecei do zero, dai 3, 4, 7, 8, já fui parar numa cilada de 15 pessoas.

Nessa época eu fazia listinha de pessoas, só apra ter uma base de quantas eu já havia ficado, nos meus 16 anos a lista já tinha passado de um número de que não me orgulho e não publicarei aqui - e olha  que dois anos se passaram.


Eu nunca me considerei alguém assim tão bonito, mas nunca me faltou alguém, sempre tinha alguém a fim de mim, me querendo ou me  paquerando. Nas boates que era a parte tensa, porque é costume de algumas pessoas já chegarem e beijarem e eu ficava meio assim, sem  saber como reagir, vai que era feio vai que era estranho? Por via das dúvidas eu fazia o serviço bem feito, ao  menos  a pessoa falaria bem de mim depois, graças a Deus (oi?) nunca foi o caso de ser alguém feio ou estranho.
Assim como o primeiro, o segundo término também terminou com a frase “você é uma puta”, e em seguida todos meus amigos adotaram essa ideologia sobre mim: eu sempre serei aquele que está solteiro mas nunca estará sozinho, sempre com novidades sobre o cara que transei semana passada, ou ontem a noite, ou como já aconteceu várias vezes: “Oi, Micha! Nossa, amiga, acabei de transar com um cara PERFEITO, me passa o cardápio?” Ou ainda melhor “Alô mciha!, me liga daqui a pouco? é que eu tô pagando um agora” (fatos reais)

Eu só passei um dia dos namorados em um relacionamento  e realmente não me arrependo e nem vejo porque desse drama que o povo faz sobre precisar namorar! Eu passei apenas cerca de 1 dos 10 anos da minha vida de pegação em um relacionamento e continuo sendo a pessoa mais feliz que eu conheço.


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Solteiros, sim, sozinhos, também!

>> domingo, 5 de junho de 2011

Eis que começa a pior semana do ano para aqueles que são solteiros - não por opção. 
As tias velhas começam a ladainha: "Tudo bem? E aí, já arranjou um namoradinho? Tá passando da hora, hein..." (Elas sabem disso bem, não querem que você fique encalhadas como elas). Além disso, todos os programas tem quadros especiais de dia dos namorados, todas as vitrines e propagandas são pra eles, e sempre tem aquela balada dos que ostentam o "solteirolândia pride", que na verdade é uma desculpa pra reunir aqueles que tem uma última esperança de não passar essa data "puramente comercial" (anham,  Cláudia, senta lá! Ser comercial no mundo capitalista é muita coisa!) sozinhos.

Feitas essas considerações, eis uma colaboração do grande amigo Marcos para o nosso humilde blog. E me fez pensar: será que o dia dos namorados caiu no inverno de propósito? Só para flagelar o corpo e os corações daqueles que procuram mas ainda não acharam um par - perfeito ou não?
Aumentem o som, enrolem-se em seus cachecóis e aproveitem.

Post de terceiro
por Marcos Nunes

Para ler ouvindo: “Streets of Philadelphia”, do Bruce Springsteen; “Be Alone (No More”, do Another Level; “Quero te Dar” (Gaiola das Popozudas) – Brinks!

Sabe quando você começa a fazer um curso, sei lá... de francês e alguém pede pra você “fala alguma coisa em francês”?, e você manda um “quelque chose” porque você é um troll e não perderia a oportunidade? Pois então, caro leitor (se é que há), essa é a mesma situação deste post. “Faz um post aí”!
Por que nos tornamos cafonas quando está frio?
Fui a um show de country hardcore no sábado (aka Matanza) e, ao sair dele com uma amiga (num frio, digamos, bem revigorante), ao invés de cantarolar Offspring ou Metallica, ou (por que não?) Massacration, a primeira música que me veio à cabeça foi “Back for Good”, do Take That (antiga banda do Robbie Williams). Bárbara não pôde evitar o “nossa, como isso é antigo”! Old, but gold! Em seguida, no “baú do Marcos”, a próxima da playlist da cantoria era “Right Here Waiting”, do Richard Marx.
Sério, quem, em sã consciência (e em tempos de calor), cantaria essas coisas? Acho que ficamos carentes demais quando está frio, daí começamos a revirar aquele mausoléu musical onde não deixamos flores há anos.
Antes o problema fosse somente musical. No frio, queremos abraçar, queremos sentir o calor do corpo de outra pessoa contra o nosso e... Não, peraí, esse trecho é do meu conto erótico, esqueçam!
Mas a situação não consiste somente em querer cantar música brega e abraçar outrem. Que dieta resiste a um chocolate fervendo neste que consideramos frio em Brasília? E lá vêm aqueles quilos que você demorou meses pra perder!
Apesar disso, uma das coisas que mais gosto no frio é o vestuário. Tá, eu sei que é ótimo ver algumas pessoas com menos roupa na rua quando está calor, mas o frio é fashion, indubitavelmente.
Tudo isto, caro leitor, é a mais pura verdade! No frio, queremos cantar música cafona, tomar chocolate quente, abraçar, beijar e sentir que não estamos sozinhos (brega identificado no radar). Se você tem alguém para tal, erga as mãos para o céu (“e agradeça se acaso tiver alguém que você gostaria que estivesse sempre com você na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê”)! Se você não tem, aqueça-se no RedTube e vá dormir!

M.

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depois daquela paixão...

>> quinta-feira, 2 de junho de 2011

Na último post, vimos uma história que começou na fase confusa da adolescência mas terminou bem - hoje os dois são adultos e felizes. Mas a adolescência é também a fase em que um grande amor pode mudar tudo, tamanho o poder que ele pode ter ao ser alimentado pelo sentimento de desespero e urgência do adolescente. Quem nunca teve um amor assim?

Na história de hoje, duas amigas também se interessam pelo mesmo príncipe - mas dessa vez elas não tiram no palitinho a sorte pra ver quem "chega" primeiro. A mais esperta chegou e pegou - é, eu tenho que corrigir, essa não é uma história bonitinha, é uma história de pegação mesmo. Mas, essa primeira amiga foi também um erro de percurso (e mais tarde acabou descobrindo que não era bem de príncipes que ela gostava).

***
Noite de lua cheia, festa da igreja, barraquinhas, uma banda brega de forró qualquer, e os novos amigos, e os amigos antigos dos novos amigos. Entre eles, ele. Nunca haviam se visto, mas era como se naquele momento ela soubesse que estava diante daquele que mudaria sua vida. E não estava errada. Infelizmente, enquanto estava perdida nesses pensamentos, sua amiga, mais esperta, já estava com tudo esquematizado pra "ficar" com o seu recém-descoberto príncipe encantado. E assim foi. Enquanto os dois iam para um lugar remoto da festinha, ela tentava disfarçar seu ciúme - ciúme absurdo, acabara de conhecer o Fulano! Mas foi pra casa com esse ciúme, que não sabia explicar de que parte sombria de sua personalidade havia surgido.

Dias depois, agora sem a amiga usurpadora, ela reencontrou seu príncipe na casa de uma das amigas em comum. Era sua chance de mostrar que ele havia escolhido a menina errada naquela festa. E deu certo. ele encerrou o "lance" com a outra e três dias depois começava o "lance" dos dois. Uma semana depois o lance virou namoro e foi pras páginas do diário dela: "Estou namorando. O nome dele é ... Estou muito feliz mesmo, a gente se gosta. Eu gosto de estar com ele e acho que ele gosta de ficar comigo. Estou nas nuvens..." Estava nas nuvens. Amava e era amada, tinha o melhor namorado do mundo, o mais divertido, o mais carinhoso. Depois de tantos anos (catorze, hehehe) sozinha, finalmente encontrara sua alma gêmea! Estavam perdidamente apaixonados...

História bonita, né? Não, gente! Esse príncipe é furada! Ele pegou as duas amigas, ele não presta! Bom, continuando...
Um mês depois, ela chegava na escola, dia de prova importante. No intervalo seu namorado aparece (eles estudavam na mesma escola, mas em horários diferentes). Ele está confuso. Ele quer um tempo. (até ontem tava tudo bem). Pra ela, o mundo parece ficar mais escuro. O coração acelera, as lágrimas são inevitáveis. Volta pra sala e faz sua prova (a maior nota de Biologia, ae). Saindo da prova, encontra as amigas, que olham pra ela como quem escolhe as palavras pra dar uma notícia ruim. E a notícia era mesmo ruim. No tempo do intervalo, seu namorado havia ficado com aquela que poucas horas antes a estava consolando por causa do "tempo". Foi traição? Bom, a discussão é sempre a mesma, no melhor estilo "we were on a break".

O fato é que o (agora oficialmente ex) namorado já havia ido embora, mas a suposta amiga ainda estava no colégio. Então a nossa heroína, a pessoa mais calma, pacífica (e molenga) desse mundo, teve um acesso de fúria. Esperou a outra sair e armou um barraco completo, com direito a sair correndo atrás dela, a ser segurada pela turma do "deixa-disso" e tudo mais.

Anos mais tarde de ocorrido o barraco - que acabou em conversa e não em pancadaria, para decepção dos transeuntes que pararam pra assistir -, caiu a ficha: ele havia feito com ela o mesmo que fez com a primeira amiga.

Mas naquele tempo ela não via as coisas dessa maneira. Ela era uma grande vítima da inveja do mundo, da canalhice dos homens, da falsidade das mulheres. Curtiu fossa, foi consolada pelas amigas, chorava na escola sem motivo ao ver que o ex continuava - e bem - a vida sem ela. Se apegou a tudo que lhe permitia estar mais perto dele - principalmente aos amigos em comum, que na verdade eram amigos dele e que agora ela faria de quase tudo pra que fossem dela também. Depois de um tempo, a raiva deu lugar à carência, e, tentando reencontrar naquele cafajeste o que havia sobrado do seu antigo namorado apaixonado, ela se perdeu. Encontrou-se com um seu lado sombrio que ela não conhecia. Descobriu que podia trair, dissimular,  '"pegar sem se apegar", manipular. Aquela paixão e aquela fossa mal curadas despertaram o que de pior havia nela.
Mas essa é outra história.

***

No fim dessa história começava uma nova etapa da vida da nossa heroína. Sua vida se dividia em antes e depois dessa paixonite. Se antes ela gostava em silêncio, agora estava apaixonada, um amor que precisava se declarar, chamar atenção. A adolescência é o jardim dessas paixões que causam reviravolta, que distorcem a percepção da realidade, que são avassaladoras, que são urgentes, que, apesar de tão pueris e infundadas, parecem eternas. 
Se você está vivendo uma dessas, querida leitora, se jogue de cabeça, mas eu já vou avisando: vai passar. Se você viveu uma dessas e agora está se lembrando com vergonha das coisas absurdas que fez por essa paixão, eu te digo: chegou o tempo de rir disso tudo! Se você está se recuperando de uma dessas paixões que ultrapassou o tempo da adolescência, um conselho: se recupere bem! cure esse mal bem curado! Vá curtir a fossa que tiver que curtir, chorar no ombro de quem tiver que chorar. E depois ponha um ponto final nessa história, pra ser livre novamente. Uma paixonite dessa mal pode te impedir de conhecer seu futuro príncipe de verdade...

Termino esse post com um poeminha (cafoninha e com o tema mais que batido) do diário da nossa heroína:

O que será?

Se não é amor...
por que me lembro de ti a toda hora e qual a
razão de ficar triste ao te ver longe de mim? 
se não é amor...
por que a toda recordo seus olhos, seu sorriso
e seu modo de falar?
se não é amor...
então por que a todo instante te vejo em minha mente, 
e nas minhas recordações está sempre presente?
se não é amor...
por que essa vontade louca de te querer? e por 
que essa certeza de que jamais te esquecerei?
se não é amor... o que será?

Update: não era amor.

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