Eu, mestranda #2

>> domingo, 25 de setembro de 2011

O prazo para as inscrições no PPG em Literatura do TEL termina essa semana, dia 28! Aproveito pra fazer mais um post sobre a vida de mestranda (para ler o primeiro, clique aqui).

Semestre passado fiz duas matérias, uma sobre literatura e morte e a outra sobre literatura e memória. As duas trataram de temas afins à minha futura dissertação - mas nem sempre é assim, às vezes, por causa do horário, os mestrandos acabam fazendo matérias que não tem relação nenhuma com a pesquisa deles.
Nesse semestre dei sorte de novo - estou fazendo mais duas matérias (as últimas!), uma é "Seminário avançado em teoria da literatura", em que um teórico é abordado em profundidade - e, no caso, o teórico é Bakhtin, justamente o teórico chave da minha dissertação. A outra é "Literatura e estudos interartes", que também vai me ajudar na dissertação, já que eu vou trabalhar na compração de um dos "meus" romances com a linguagem fragmentada cinematográfica.

Já comecei a escrever! E não tá fácil, viu? A cobrança é bem maior do que na monografia, por exemplo, e a responsabilidade pelo que a gente escreve também é maior. Maaaas, se tudo der certo, a essa altura do ano que vem eu já serei Mestre! Para isso acontecer, eu preciso tomar vergonha na cara e parar de perder tempo na internet - acho que isso inclui postar no blog...

As crises existenciais do começo estão menos frequentes - agora eu já não duvido tanto de ter feito a coisa certa ao escolher continuar estudando. Por mais que seja trabalhoso, difícil e cansativo, eu sinto que não poderia estar fazendo outra coisa! Estou realizando meu sonho da graduação de estudar só literatura, de ter professores comprometidos e não-picaretas, que realmente têm muito a me ensinar, de ter autonomia pra escrever e não escrever só o que o professor quer ler, de conhecer pessoas que gostam tanto de literatura quanto eu - e com elas compartilhar angústias e descobertas.

Por outro lado, aguardo ansiosamente não ter mais que escrever com prazos, poder ler os livros que me der na telha, sem ter que resenhar, anotar, enfim, pensar - aproveitar a literatura pela literatura, como lazer, como arte, e não como ferramenta de trabalho (há quanto tempo não faço isso!)

Aos coleguinhas que farão a seleção, boa sorte! Espero estar ouvindo as histórias de vocês no semestre que vem! Precisamos de pessoas que pensem literatura, que pensem o mundo por meio da literatura, que enxerguem as contradições, misérias e virtudes do mundo por meio da literatura! Para mim, esse é um modo mais honesto, mais auto-consciente de suas limitações e parcialidades, e que por isso mesmo busca libertar-se delas, de pensar o mundo, o homem, a cultura... claro, isso pra quem ainda acha importante pensar!

Eu provavelmente vou diminuir as aparições aqui, porque preciso escolher entre a vida social real e a vida social virtual... quanto menos tempo eu gastar nos meios internéticos, mais tempo eu vou ter pra realmente ver as pessoas sem que isso afete minha rotina de estudos. Além disso, quando o blog - que é pra ser um hobby - passa a olhar pra mim com exigências - como quem diz "me atualiza, me atualiza", ele deixa de ser divertido e passa a ser uma obrigação - e eu já tenho muitas! Escrever é algo que eu adoro fazer nos momentos livres mas, como esses momentos estão cada vez mais raros, vou escolher passá-los com uma "atividade mais ativa" e menos pensante. Pensar, pra mim, agora, é um ofício, e não uma consequência do ócio.

Espero um dia fazer da escrita também um ofício. Quem sabe, né? Até lá!



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Cine Clube Cult #2

>> sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Ingmar Bergman e seu instrumento enorme
Como prometido, agora faço o comentário sobre os outros dois filmes da primeira edição do Cineclube. Morangos Silvestres é do sueco Ingmar Bergman. O filme é em sueco, então eu precisei confiar totalmente nas legendas. É em preto e branco, de 1957 e conta a história de um senhor que precisa viajar pra receber um título honorário por seus cinquenta anos de carreira. Na véspera da viagem ele tem um sonho em que aparece morto, e decide viajar de carro e não mais de avião. Durante essa viagem ele revisita o seu passado, os momentos mais marcantes da vida dele e reavalia sua trajetória e seus relacionamentos até ali. 

Professor Isak - Morangos Silvestres
O contato entre presente e passado se dá quando, no meio da viagem, ele encontra a velha casa que foi de seus avós, e a lembrança dos morangos silvestres que haviam no jardim faz com que esse passado se presentifique. (daí o título do filme ser morangos silvestres - uma outra forma de dizer "memória afetiva")

De 57 pra cá, essa história do velho meio ranziza que revê seus erros quando está perto da morte já foi filmada e refilmada muitas vezes, mas acho que ainda assim vale a pena ver o filme! A música é linda, tem um ar de sonho e de passado, e, claro, a gente começa a pensar na nossa própria trajetória até aqui. Pra quem é ou quer ser acadêmico, acaba sendo meio deprê. Isso porque o personagem principal, Professor Isak Borg faz pra si mesmo perguntas do tipo: "O que eu fiz até aqui? Consegui fazer com que alguém me amasse? De que adiantou tanto estudo? De que me serve esse Título? De que vale essa carreira como médico? Estou velho, sozinho e sou odiado...", forçando a gente a pensar na nossa própria vida...
Um filme bonito (a Suécia é linda!), com música bonita e de muita sensibilidade em relação à avaliação que se faz da vida quando se teme a morte, o juízo individual que cada um faz de seus arrependimentos, remorsos e expectativas. Gostei, não dormi, recomendo!

Luis Buñueeeeeel
O segundo filme foi O Anjo Exterminador, do cineasta surrealista mexicano Luiz Buñuel, brother do pintor espanhol Salvador Dalí. A historinha do filme é curta: a galera da high society tá reunida pra um jantar, todo mundo bonito, moçoilas tocando piano, rapazes contando anedotas, tudo do bom e do melhor. Tarde da noite uma parte dessa galera vai embora e a outra fica. Os que ficam vão ficando, vão ficando... e de repente começam a acreditar que eles ficaram porque não podem sair, afinal, se eles pudessem sair, já teriam saído. Entendeu?
Pois então, ninguém sai! os dias passam, a comida vai acabando, a água vai acabando, e principalmente, o respeito e a civilidade também...

A gente que tá assistindo se sente preso com eles também! Um dos recursos que o Buñuel usa pra fazer isso é a falta de cortes claros entre as cenas - a câmera se movimenta dentro do salão que vira prisão imaginária, indo de um diálogo para o outro, de um canto para o outro sem mudança de sequência, sem alternar com uma cena externa, sem dar um tempo pra gente respirar (como bem observou o segundo membro do cineclube, Jhonathan). Assim, acho que as reações/impressões são duas: a primeira de se sentir sufocado e preso também, e a segunda, de ver alguém errando e não poder fazer nada. Sabe aquela agonia que a gente sente quando vê aquele coleguinha que faz besteira, sabe que tá fazendo besteira, e mesmo assim não sai do erro porque não tem coragem ou porque acha que não consegue? (não sei vocês, mas isso me dá muita agonia!). Então, o sentimento é parecido. Porque a gente SABE que não tem nada impedindo que eles saiam, a gente quer que eles saiam, mas eles não saem! insistem na paranoia! AAAH, QUE VONTADE DE ENTRAR NA TELA E ENXOTAR ESSE POVO!

O Anjo Exterminador (com todo mundo arrumadinho ainda)
Luis Buñuel novinho, curte a cara de maluco!















Enfim, gostei também, recomendo, só não saquei o porquê do nome. Eu estava esperando realmente um anjo que viesse e matasse todo mundo, hehehe, mas não é bem isso que acontece. Se alguém souber o porquê do filme ter esse nome, compartilha com a coleguinha aqui.



Esses foram os primeiros filmes do CineClubeCult, domingo agora, dia 18, tem mais. Dessa vez teremos um gostinho de cinema italiano: Antonioni, Pasolini e Fellini (eu sei, parece nome de macarrão), e os filmes já serão coloridos! (aeeee) Os três são dos anos 60, e tem um que é do ano que mudou o mundo - 1968. Estão todos (todos que me conhecem e sabem onde eu moro, claro) convidados!


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Cine Clube Cult #1

>> quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Como os coleguinhas que me tem no Facebook sabem, esse semestre estou fazendo uma matéria no mestrado que demanda um conhecimento de cinema. Eu, como boa consumidora de massa que sou, não entendo nada de cinema (do tal de "Cinema de Arte"). Sei só de romance, explosões, invasões alienígenas e ameaças de destruição em massa à Terra/Estados Unidos.

Para aproveitar o embasamento teórico da matéria, eu preciso conhecer os filmes, ter noção da história da evolução do cinema, tal e coisa. Depois de conferir essa parte na wikipedia, baixei adquiri de forma gratuita alguns dos filmes sugeridos pela professora, e chamei os coleguinhas para assistir comigo.

Os filmes que assistimos (sim, eu uso assistir filmes, como verbo transitivo direto, deal with it!) na primeira edição do Cine Clube Cult foram Tempos Modernos, de Charlie Chaplin, Morangos Silvestres, de Ingmar Berman (sueco!) e O Anjo Exterminador, do mexicano Luis Buñuel. Para ver os resumos e críticas consagradas, google it! Aqui vou dar minha opinião leiga e fanfarrona.

Mas, antes, procurando sinônimos para não ficar repetindo "cinema", eu pensei em Sétima Arte. E aí eu descobri que eu não faço a menor ideia de quais são as outras seis! E nem você! Aí estão (wikipedia, aee):

  • 1ª Arte - Música (som);
  • 2ª Arte - Dança/Coreografia (movimento);
  • 3ª Arte - Pintura (cor);
  • 4ª Arte - Escultura (volume);
  • 5ª Arte - Teatro (representação);
  • 6ª Arte - Literatura (palavra);
  • 7ª Arte - Cinema (integra os elementos das artes anteriores mais a 8ª e no cinema de animação a 9ª).
Essas 7 são as originais. Depois foram acrescentadas artes mais modernosas, e manifestações que eram consideradas técnicas ou práticas ganharam status de arte também:

Quer dizer que esse tempo todo eu estudei a 6ª arte sem saber? Que bonito!


Eu nunca havia assistido nenhum filme do Chaplin. Só tinha visto os trechos clássicos e talz. Se você é daqueles que dá RT em frase dele sem nunca ter visto um filme, assista! É uma delícia! É mudo, é em preto e branco, mas é uma delícia! A música é linda e tocante, a música ajuda a contar a história e os diálogos são totalmente dispensáveis. Chaplin tem um olhar tão forte, tão expressivo, que é difícil acreditar que ele se expressava de outro jeito que não por esse olhar!
Assistir Tempos Modernos é um ótimo jeito de entender a situação americana pós-29. Lá a gente vê também que os grandes trapalhões e comediantes da nossa infância 90 tiveram Chaplin como grande referência e modelo - de Chico Anysio ao Didi - os trejeitos, as quedas, as trapaças, os mal-entendidos, que a gente já viu e reviu desde criança, estão todos lá naquele palhaço-vagabundo de chapéu e bengala - e são engraçados e emocionantes!  
Gostei muito do filme, da música, e, principalmente, desse olhar do Chaplin, que parece que ao mesmo tempo em que vê "além", vê "dentro"! Quero ver agora O grande ditador
Como eu falei, pra ver a historinha do filme, e prêmios e contextos e talz, procurem no google. Aqui está a impressão - talvez com alguma reflexão - de uma espectadora que entrou na sessão de exibição da sétima arte com quase 100 anos de atraso.



No próximo post comento os dois outros filmes!


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Populares Anônimos - [parte 2]

>> segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Chegou agora? Leia a parte 1.

***

Boa noite! - aquela voz suave e ao mesmo tempo marcante emudeceu os pensamentos subversivos dela - Vamos começar? 
Levantou a cabeça e interrompeu a releitura daquele panfleto que tinha nas mãos, ainda duvidando da seriedade daquele grupo de autoajuda. Procurou localizar no círculo de onde partia aquela voz tão gostosa de se ouvir e encontrou uma moça com não mais de 30 anos, com a pela dum moreno claro, como um café com leite com mais leite do que café. Os cabelos, longos e ondulados, estavam partidos ao meio e caiam pelos seus ombros emoldurando um rosto bonito, embora sem nenhum traço que se destacasse entre os demais. Um rosto harmonioso e bonito. 

Enquanto trabalhava decidindo se gostava ou não desse novo rosto descoberto entre tantos outros, a moça cor-de-café-com-leite-com-mais-leite-do-que-café continuou falando:

- Boa noite. Bem vindos ao Populares Anônimos, um grupo de autoajuda que procura ajudar pessoas que sofrem. Nós estamos aqui porque temos um problema. Somos viciados em popularidade. E isso tem nos afastado dos familiares, tem nos feito contrair dívidas, tem afetado nossos relacionamentos íntimos, tem nos feito desacreditar na vida. Mas aqui no PopA descobrimos que não estamos sozinhos e não somos os únicos a enfrentar esses problemas. O PopA aceita dois tipos de pessoas: as populares de fato e aquelas que pensam que são populares, e agem como tal - essas são as que mais precisam de nossos cuidados. Como vocês sabem, para evitar que a Popularidade - essa força que tanto nos faz sofrer! -  seja um mal dentro do nosso próprio grupo, os mediadores mudam a cada semana. Meu nome é Luciara, mas vocês podem me chamar de... desculpa, meu nome é Luciara e vocês devem me chamar pelo nome, porque, como vimos na palestra da semana passada, os apelidos são nocivos para aqueles que estão tentando se livrar do nosso vício. O nosso anonimato é mantido pela ocultação dos sobrenomes, mas os primeiros nomes devem ser ditos, e os apelidos são extremamente desaconselhados. Enfim, meu nome é Luciara e eu serei a mediadora de vocês durante essa semana.

"Que loucura", pensou nossa heroína, enquanto a mediadora da semana continuava a falar sobre a programação daquela noite. "Que loucura! Não acredito que essas pessoas realmente levam isso a sério! Tem que ser piada, a qualquer momento o Roque vai sair de algum lugar e anunciar a pegadinha!"

Mas não era loucura. Pelo menos não para Luciara. Desde que entrara no grupo, Luciara, (ex "Lu") estava seguindo os passos e os mandamentos à risca. Mas essa não era a sua noite - se conseguisse se curar do vício totalmente, nenhuma noite nunca mais seria "sua" noite. Nunca mais seria o centro das atenções e, mesmo agora, com todos aqueles olhos e toda aquela atenção voltada para ela, sentia que estava controlando o prazer de ser ouvida com curiosidade e total admiração daqueles viciados. Mas a noite não era dela:

- Para quem está aqui pela primeira vez, essa é a noite dos depoimentos. Aqueles que se sentirem à vontade para contar sua história e sua caminhada no grupo deverão se inscrever com a Rosa (ex "Rosinha") e deverão falar por exatamente 10 minutos, para que nenhum fale mais que o outro. 

Cerca de cinco pessoas levantaram a mão e deram o nome para Rosa. Pela ordem estabelecida, o primeiro a falar seria Aguinaldo (ex "Naldo"). Luciara deu a palavra a ele.

[continua]

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tempo, contratempo

A historinha do post anterior está empacada porque esta que vos escreve teve um treco/mal-estar segunda-feira passada, no exato momento em que atualizava este blog. Foi meu organismo que encontrou um jeito de chamar atenção e me dizer: relaxa! Ele apresentou argumentos muito convincentes, e eu tive que passar a semana sem com a difícil tarefa de não fazer nada (o feriado de 7 de setembro ajudou, ê!). Agora voltamos com a nossa programação normal. Agora que eu tenho cinco leitores fixos, e que posso logar no blogger no trabalho, vou tentar atualizar mais vezes. Fiquem à vontade para comentar, compartilhar e curtir. 
Beijo,
Laranja.

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