Porque vou às ruas #whitemonday #vemprarua #vemprajanela #marchadovinagre

>> segunda-feira, 17 de junho de 2013

O protesto de São Paulo encabeçado pelo movimento Passe Livre se espalhou pelo Brasil - e foi igualmente reprimido pela PM de cada estado, à exceção, talvez, de Minas Gerais.

A rapidez da divulgação das informações e cenas de violência policial pela internet provocou essa onda de solidariedade Brasil afora. Gente que, a princípio não tinha nada a ver com a história, se sentiu ofendida no seu direito fundamental de se manifestar pacificamente - e, a partir daí, aderiu à causa. E a causa são várias.

Daí, chamar esses protestos de "plurais" ou de "desorganizados" é uma escolha ideológica de cada um. Afinal, que causa uniria a população, em tese, livre pensante, de uma democracia? Se, dentro dessa democracia, e como característica dela, há uma pluralidade divergente de ideologias e práticas políticas?

O que uniria a passeata pró-vida à que é contra o estatuto do nascituro? O que colocaria lado a lado as juventudes de PSTU, PSOL, PT, PSB - nesse nosso cenário de esquerda internamente dividida? O que faz com que a elite brasiliense de servidores públicos e comissionados, bem nascidos e bem criados, vaiem a presidenta ao mesmo tempo em que do lado de fora estudantes são atropelados pela polícia? O que fez com que jornais tradicionalmente conservadores começassem, aos poucos, e ao terem seus próprios jornalistas atingidos pela truculência policial, a apontar "excessos" na polícia, intransigência no governo?

A causa que uniria - e que uniu - todos esses discursos, foi a que defende o direito a se ter uma causa. Você pode ser contra ou a favor a realização da copa no brasil, contra ou a favor que o governo garanta transporte público de qualidade e gratuito à população, contra ou a favor de partidos políticos estarem envolvidos em movimentos sociais, contra ou a favor da liberação da maconha, da legalização do aborto - mas você não pode, não numa democracia que assegura constitucionalmente o direito à manifestação pacífica, ser a favor das cenas que vimos na última semana. Você não pode ser a favor da ação policial que atira balas de borracha e bombas de efeito moral a esmo, entre velhos e crianças, sem planejamento, sem tática, sem o domínio estratégico da situação. Não, você não pode. Porque isso é crime, isso é abuso de poder.

Eu, particularmente, pessoalmente, dentro da minha liberdade de pensamento garantida em lei nesse país, não concordo, obviamente, com tudo o que está sendo pautado pelas chamadas lideranças dos manifestos. Consigo enxergar, sim, que dentro deles tem muito de euforia, muito de megalomania, de idealismo utópico, típico da juventude que acha - que acredita!- que vai mudar o mundo. Consigo enxergar, sim, que nesse momento em que a força dos números de manifestantes (de 500 pra 3000, em Brasília) chama a atenção pras causas dos protestos, muitos discursos ideológicos tentam pegar carona e se colocar como hegemônicos dentro da manifestação. Consigo enxergar, sim, que há oportunismo político, da direita, do centro, da esquerda, e que há um terrorismo contra o governo federal, que fez, sim, muitos avanços na área social - ainda que sempre a passos encurtados por interesses privados.

Mas nada disso deslegitima o povo nas ruas. Eu, Bruna, vou às ruas pelo direito de ir às ruas
Vou às ruas pelo direito de ir às ruas, pacificamente, sem ter que ter medo de voltar pra casa ferida - ainda mais quando a polícia está lá para garantir a segurança da população - da qual eu faço parte!

As outras causas - e são muitas - são secundárias. O passe livre, sozinho, não uniria tanta gente. O #copapraquem, sozinho, não uniria tanta gente. A defesa da liberdade, sim. O medo de que, se nenhum barulho for feito agora, nos transformemos numa Turquia onde os manifestantes são presos políticos, e a calmaria da praça central denuncia a violência do Estado na noite anterior, sim.

Vamos às ruas agora, "por nada", para impedir que amanhã outras dilmas vanas sejam presas em porões. Vamos às ruas quando podemos compartilhar isso na internet, para não correr o risco de sermos censurados amanhã.
Vamos às ruas porque nada diz que não podemos ir às ruas - carregando vinagre! Vamos às ruas porque em lugar nenhum está escrito que, se formos às ruas, pacificamente, sem vandalismo, sem depredação, temos que apanhar da polícia, e correr para nos proteger de gases, cavalos e motos.
Vamos às ruas para expor a violência que, até ontem, era restrita aos  filhos negros das nossas periferias.
Vamos às ruas pra testar essa recente democracia, expor seus vícios ditatoriais, apontá-los como problemas a serem trabalhados e corrigidos. 
Vamos às ruas porque de cético debochado; inconformado de sofá; libertário burocrata; cidadão-de-bem pagador-de-imposto-assinante-da-veja; reacionário e covarde esse país já tá cheio.


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