As brasileiras gostam mais.

>> quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

As brasileiras gostam mais.
As brasileiras eu não sei. As outras, que outras? As brasileiras, eu não sei. Mas eu gosto. Gosto do que aprendi a gostar. Gosto do que faço melhor, mais gostoso. Gosto de te ver gostar. Gosto porque gostas, gosto quando gosto, quando gosto, gosto muito.
As brasileiras gostam mais? As brasileiras, eu não sei... mas eu? Gostas? Se gosto? Quando gosto, gozas mais. Gozo mais quando gostas. Gostas que eu goste? Eu gosto quando as brasileiras gostam... as brasileiras? De novo as brasileiras? Delas não sei, não gosto que gostes das brasileiras. Gosto que gostes de mim. Eu gosto quando gostas que eu goste. Gosto mais quando de mim gostas. Se de mim gostas, gosto que goste. Mais.

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Elogio à Mulher Fácil

>> segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Uma vez amei uma Mulher Fácil. Não a identifiquei logo, tão habituado que estava às difíceis. Minhas habilidades no jogo de conquista tantas vezes disputado com mulheres difíceis de nada adiantaram com ela. Com as difíceis me esforcei por aprender uma complexa combinação de gestos e significados. Dediquei intermináveis horas de observação para poder então desvendar os mistérios de olhares oblíquos. Me decepcionei ao descobrir que esses olhos envoltos em densa névoa prometiam uma profundidade que, vencido o jogo, não existia. 

Formulei um extenso dicionário de metáforas e meias-verdades para me comunicar com as mulheres difíceis - até então eu chamava-as apenas "mulheres", porque acreditava que todas eram assim.
E então eu a conheci. Numa noite despretensiosa, pontilhada de estrelas e iluminada por uma modesta lua em quarto crescente. 
Estávamos numa mesa de bar, e eu já havia iniciado partidas de olhares com alguns pares de olhos misteriosos que me procuravam com langor, de baixo pra cima, prometendo, insinuando um mundo oculto de delícias ao qual eu teria acesso depois de vencido o jogo.

Foi quando ela puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado. Sorriu um riso largo, franco, procurou o caminho mais curto até meus olhos e, mirando-os diretamente, com a mão confortavelmente apoiada no meu ombro (como ela foi parar ali?), disse: Oi! Qual é o seu nome?

Aquela abordagem direta, honesta, comprometedora e ao mesmo tempo desinteressada, confundiu meus pensamentos. Procurei nos meus manuais de conquista elaborados e revisados na memória o movimento que deveria vir a seguir desta ardilosa jogada feminina. Ainda não sabia que estava diante de uma Mulher Fácil - como poderia? Busquei em vão, não pude pensar em uma resposta que não fosse óbvia: acabei por dizer-lhe meu nome.
E a partir deste momento meus olhos não mais se desviaram daquela mulher que diante de mim revelava-se sem pudor, dizendo-me de forma desabrida o que pensava, como sentia, desnudando-se em público diante de um fascinado desconhecido: eu.
Um a um, rasguei mentalmente meus manuais, abandonei-me à vertigem de também eu desistir do mistério. Me senti livre, à vontade, feliz. Enxerguei naqueles olhos claros - claros não, eram negros - naqueles olhos luminosos, os olhos de um semelhante. Um semelhante que amei com entrega, com paixão, com a facilidade de quem faz aquilo a que é vocacionado.

Nunca mais nos vimos. Mas, desde que conheci e amei a Mulher Fácil, não mais pude me relacionar com as difíceis. A cada "talvez", a cada "não sei se devo", a cada hesitação estratégica, a cada suspiro pretensamente melancólico, a cada palidez enluarada, a cada vez que uma voz dissimuladamente aveludada chegava aos meus ouvidos, eu me afastava, desiludido, com a certeza de que o encontro com a Mulher Fácil destruíra pra sempre o pendor romântico que me atraía para as alcovas secretas, os perfumes suaves, a gravidade fingida, a espontaneidade frívola e calculada das mulheres difíceis.

Sonho com o dia em que encontrarei novamente uma mulher honesta, que conheça seus sentimentos e saiba expressá-los com o corpo, que seja capaz de revelar no sorriso o que os olhos das outras teimam em ocultar, que se movimente não com graça, mas com vigor, que me queira não com abandono, mas com enérgica paixão.

A você, Mulher Fácil, o meu canto e os meus versos, a minha busca incessante, o amor como você me ensinou: livre, possível, apaixonado, real.

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