100º Like!

>> terça-feira, 19 de março de 2013

Coloquei no twitter que o 100º like na página dO Sumo da Laranjinha no Facebook ganharia um texto meu sobre qualquer coisa! (eu sei, não é lá um grande prêmio, preciso trabalhar as estratégias de marketing!)


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“89” likes!" Vibrou Yasmin ao abrir seu instagram.
“Amanhã chego no centésimo”, pensou.
O sucesso nas redes sociais se devia a um estranho fenômeno. Há cinco dias seu gato, Salém, não se movia da frente do espelho novo instalado em seu quarto. No primeiro dia, Yasmin, como fazia diante de toda e qualquer peripécia do bichano, tirou uma foto e publicou na rede social. “Salém passou o dia todo na frente do espelho! Não é uma graça?”
Trinta e cinco amigos manifestaram seu “sim, é uma graça” com like. Fotos do seu salém sempre rendiam a yasmin uma popularidade virtual que ela estava longe de alcançar na vida off line.
No segundo dia, o fenômeno se repetiu. Salém olhava intrigado para o espelho. Seu semblante era aquele característico dos felinos estrategistas. A leoa na savana, a onça no pantanal, o puma na montanha, Salém em frente ao espelho: todos têm em comum o olhar de quem planeja o próximo movimento na guerra pela sobrevivência.
Mais uma foto, dessa vez Yasmin foi contemplada com quarenta e sete likes. Seu recorde até então! Mas Yasmin era ambiciosa: longe de estar preocupada com o comportamento do gatinho, esperava ansiosa pelo dia em que o capricho do seu bicho de estimação lhe renderia a fantástica marca de cem likes na internet.
Assim, quando, ao fim do quarto dia, se viu mais perto do que nunca dessa marca, Yasmin olhou uma última ver para seu Salem e pensou “eu sabia que ter você em casa ia mudar a minha vida”. Foi dormir feliz.

Naquele quarto dia, salém, que na verdade se chamava Kael, depois de muito maquinar seu plano, decidiu que o ataque seria iminente. Era ele ou o outro. Os dois até então hesitaram... se examinaram, por quatro dias não cederam a nenhuma necessidade, nem às mais básicas: o território e o amor de uma humana estavam em jogo. Kael sabia que o outro também não iria a nenhum lugar. Atacar era a única solução.
Mas Kael ainda tinha esperanças de realizar um ataque surpresa... aquele modo direto não fazia seu estilo! Esperou com máxima atenção por um momento de distração de seu inimigo, por ínfimo que fosse... Mas esse momento não veio! O outro era como ele: sempre atento! Um porte altivo, um olhar de desdém e desafio... ele não iria ceder. Não havia alternativa. Se, após a noite de vigília, seu oponente não baixasse a guarda, ele atacaria ao primeiro raio de sol.
Yasmin acordou no dia seguinte sobressaltada por um barulho de vidro quebrado e um gemido de dor grutural. “Não!”, pensou, enquanto corria em direção ao espelho, de onde viera o barulho.

Entre os olhos de Salém corria um filete vermelho. No chão jaziam pontiagudos cacos de espelho. Essa foto Yasmin não colocou na internet.


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ATENÇÃO: nenhum animal foi ferido na produção desse texto. As opiniões expressas pelo autor-criador da narrativa não correspondem às convicções da autora. É tudo uma brincadeira, senhores. Curtam a página: www.facebook.com/osumodalaranja

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P.s.: O centésimo like foi da Yasmin
A "encomenda" dela foi a seguinte:
"Faz ela fazer um conto sobre um gato que viu o reflexo dele e ficou uma semana bolando uma guerra consigo mesmo e depois bateu a cara no espelho quando percebeu que na vdd era reflexo e isso é o cliffhanger então ngm sabe né que ele tá em guerra com ele mesmo"
Eu digo *qualquer coisa* e a pessoa leva a sério, rs. Prometo que pensarei numa promoção melhor para o 200º like :)

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Dança das Cadeiras - por Marília Ferreira


Segunda-feira, meio dia, finalmente o horário de almoço! É incrível como as manhãs de segunda parecem nunca passar... Aliviada por estar saindo do trabalho, decido ir ao shopping almoçar.

Ao terminar de subir a escada rolante que dá acesso à praça de alimentação me arrependi amargamente de minha decisão. Como pude me esquecer disso? Praça de alimentação de shopping na hora do almoço é a porta do inferno! Uma cadeira para cada dez pessoas, pior que concorrência de concurso público!

Mas o erro já havia sido cometido. A fome já estava apertando, e, após o que me pareceu ser uma eternidade na fila para fazer o pedido, entrei na dança segurando minha bandeja. Como eu temia: nenhum lugar vago. Então comecei minha busca por uma mesa que parecesse estar prestes a ser desocupada.

A primeira mesa que olhei estava ocupada uma mulher e quem julguei serem seus três filhos pequenos. A mãe parecia estar em mais apuros que eu: a menina mais nova chorava inconsolavelmente e os dois meninos brigavam pelas batatinhas que sobravam. Definitivamente, aquela não seria minha mesa. Mais adiante, avistei uma mesa com cinco adolescentes que aparentemente já haviam terminado sua refeição, mas continuavam ali tirando fotos e brincado de “eu nunca” com refrigerante. Pelo jeito, não sairiam de lá tão cedo...

Em outra mesa havia um casal. A garota já tinha terminado seu prato e olhava encantada para seu amado, que, ocasionalmente parava de mastigar pra lhe mandar beijos. Ele também já estava terminando e checou as horas em seu relógio. Eu já estava me preparando para pegar a mesa bem na hora em que uma mulher vestindo um farto decote passou ali ao lado. Por um segundo o olhar do rapaz se desviou para ela, e, pela expressão da namorada, percebi que uma briga tenebrosa estava para começar. Disse adeus para aquela mesa e segui em frente.

Meu próximo alvo foi a mesa de um velhinho que estava desacompanhado, mas desisti desta momentos depois quando uma moça se juntou à ele com sua bandeja na mão. A principio, achei que eram pai e filha, mas o beijo que trocaram em seguida me fez pensar que ele estava melhor que muito garotão por aí!

Cansada e faminta, decidi mudar de estratégia. Encontrei uma mesa ocupada apenas por uma senhora, três cadeiras vagas.

- Desculpe, mas a praça está cheia, posso me sentar aqui?

-Sem problemas. Respondeu.

Finalmente sentada, comecei a comer meu almoço já quase frio. A senhora com que dividi a mesa usava duas alianças no dedo anelar, o que me levou a concluir que era prematuramente viúva. Pouco tempo depois ela deixou a mesa. Não demorou muito e eu a liberei para um trio de amigas que a rondavam feito abutres. Compreensível.

Voltei para o trabalho pensando que talvez se almoçar no shopping não fosse, para muitos, uma atividade coletiva e social eu teria conseguido comer meu almoço ainda quente e tampouco teria que explicar meu atraso ao meu chefe. Afinal, quem come sozinho, termina mais rápido.

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Escrever ou não escrever? tudo são questões!

>> sábado, 16 de março de 2013

Comecei a escrever quando tinha uns 12 anos. Os diários eram meus companheiros quando eu não estava na escola. Escrevi sempre sobre mim, para me fazer companhia, para me entender melhor, para criar uma memória. Eram escritos muito mais de reflexão do que relatórios objetivos. 

Fiz Letras, depois Literatura, sempre escrevendo. Quando não falo de mim, faço análise do que quer que seja, e escrevo textos de opinião. Estendi os textos do diário pro blog (não substitui, ainda escrevo diário!), e de tempos em tempos exponho um pedacinho de mim aqui pra vocês.

Penso no que falta pra que eu saia daqui e ganhe o mundo. Penso no que alguém precisa fazer para ser um bom escritor nesse caótico início de século vinte e um.

Há tempos eu não leio nenhum autor que ainda esteja vivo. 

É possível ainda escrever romances?

Sempre se diz que o bom escritor escreve sobre aquilo que vive, sobre aquilo que sente. O bom escritor representa sua realidade e a realidade do seu tempo. 

Minhas realidades são tantas que eu não saberia por onde começar. 

Até aqui, tive uma vida normal e sem muitos traumas. Todo o sofrimento da minha vida se resume a um bullying na infância e um histórico de vida amorosa meio desastroso, rs. Nada que se compare a uma esposa tuberculosa, a uma adolescência no campo de concentração, a um casamento não aceito pela sociedade, a ser do partido comunista quando ele era ilegal, enfim, a esses grandes sofrimentos e tribulações que estão na biografia dos nossos melhores escritores. 

Por outro lado, vivo num mundo completamente perdido. Vivo numa sociedade telemática que sofre de solidão e depressão coletivas, adoecida por um sistema econômico perverso e desigual. Uma Babel que disfarça sua incapacidade de se comunicar em liberdade de expressão. Temos todos os grandes problemas do passado - mas com muito mais pessoas, muitas novas e eficientes formas de nos matarmos uns aos outros.

Como isso me afeta? Apenas no plano das ideias. Não sou engajada em nada. Ou melhor, sou engajada em tudo. Sou uma cristã-socialista-liberal-feminista-ecochata-carnívora que só quer ter uma casa grande com cerquinha branca, um golden retriever e uma família de propaganda de margarina quando crescer. 

Me perco no relativismo e ser dogmática é cada vez mais difícil. Sou uma cética que tem fé. Tudo isso protegida protegida pelo conforto de poder criar essas imagens apenas com palavras - e não precisar provar nada.

Um bom escritor representa seu tempo, do lugar em que ele pode observá-lo. Meu tempo é superficial. No meu tempo, o aprofundamento do que quer que seja nunca sai do plano do discurso. No meu tempo, as grandes questões da humanidade são discutidas no tempo entre intervalos comerciais por apresentadores egocêntricos e convidados ignorantes.

Que boa literatura pode resultar disso? E se resultar, quem vai ler? Os que já pensam como eu, claro. Lerão, aplaudirão, dirão: é isso aí! Falou e disse! Serão Cinco pseudocults hipsters que (mas eles não perceberam) encarnam todo tipo de arrogância e prepotência intelectual que eu detesto e também critico.

Melhor seria me manter no superficial e agradar aqueles que ficam hipnotizados por qualquer um que verbalize o que eles querem ouvir como si mesmos.

A pessoa que lê autoajuda é como a que vai na cartomante: ela só quer ouvir outro dizer o que ele já sabe sobre si mesmo. É tudo sobre a vaidade de se saber objeto de observação do outro.

Mas é claro que meu espírito intelectual (e o seu círculo social) desenvolvido para separar a boa arte da arte ruim nunca me deixaria em paz, se essa fosse a minha escolha: ser a próxima Marta Medeiros. A próxima Tati Bernardi. O próximo Carpinejar. O próximo Paulo Coelho! 

Não, jamais! Nunca me venderia! (mas eu sou boa nisso, poxa! Sou boa observadora, sei conquistar pelas palavras - eu sei o que as pessoas querem ouvir! E não sou boa na "boa arte!" Nunca serei um gênio da "grande" literatura!)

E ainda tenho meus pudores, meus falsos moralismos, meus tabus. Dar minha opinião sobre o mundo e falar sobre as inquietações da minha alma humana e mesquinha são as coisas que eu faço melhor. Mas são sempre limitadas por uma série muito bem determinada de valores morais bem tradicionais. Faço a moderninha, mas sei muito bem onde guardo meus muitos, feios, medievais preconceitos. 

Elevar a escrita a profissão na minha vida significaria me despojar de tudo isso: expor minhas vísceras, romper com família, sociedade, status: me derramar em discurso e poesia. E ouvir o que as pessoas têm a dizer de volta. Inclusive críticas. Descobrir que eu não sou perfeita! 

Meu tempo não faz isso. Meu tempo supervaloriza a privacidade - e, por isso, vendê-la é um negócio cada vez mais lucrativo!

Eu sou apaixonada pela palavra escrita. Eu quero escrever. Mas não sei como fazer disso profissão. 
A liberdade e a tecnologia do meu tempo me permite (ou me obriga?) a ser escritora, editora, publicitária e vendedora dos meus textos. 
Mas a minha única habilidade é escrever. 
E eu não sei sequer sobre o quê.

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[VENDIDO] - Uma teoria sobre relacionamentos

>> quinta-feira, 14 de março de 2013

Todo mundo já viu aquelas propagandas (irritantes) de MEGA SALDÃO DAS CASAS BAHIA - É ISSO MESMO - SÓ AMANHÃ - MEGA SALDÃO DAS CASAS BAHIA (fundo preto, um texto esmagando o outro, explosões, letra amarela e vermelha etc etc).

No dia seguinte as reportagens dos jornais matinais mostram aquelas filas enormes do povo que madrugou pra conseguir comprar uma tv-lcd-de-plasma-de-sessenta-polegadas por apenas [APENAS!] sei lá, dois mil reais.

Nesse momento, assim que as portas são abertas, não há tempo a perder: é ver o preço do produto, decidir em cinco segundos se quer ou não, e colar seu adesivo de [VENDIDO] naquela televisão dos sonhos que finalmente está num preço acessível pra você. É ela, é sua, saiam todos, não tem pra ninguém, você viu primeiro, agora é só passar no caixa e levar.

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Pois os namoros são bem parecidos com os mega saldões das Casas Bahia!

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Sou aquela amiga chata que deixa os casais constrangidos perguntando "e o casamento, é pra quando?"

A resposta geralmente é um riso sem graça e algo como "calma, a gente é muito novo, calma, ela ainda tem que se formar, calma, ele quer passar num concurso, calma, tem que juntar dinheiro, calma blablabla.
Mâs, não é isso que eu estou perguntando. A minha curiosidade é "Mas é com essa pessoa que você vai casar? Você acredita em relacionamentos monogâmicos e mutuamente exclusivos que durem pela vida inteira? Você colocaria um adesivo de [VENDIDO] nele/a? 

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-Mas aaah, você está reduzindo os complexos relacionamentos amorosos a uma orgia comercial, como você pode blablabla

 Gente, it's all about money! Nossas relações comerciais e humanas são parecidas por demais. Pode aplicar a lei da oferta e da procura no quanto você se esforça pra chamar atenção de alguém, que vai dar certo. (mas esse é um tema pra outro post)

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Voltando à minha pergunta: colocar um adesivo de vendido no seu namorado não é atribuir um valor a ele. O que eu pergunto é se existe aquele impulso irracional consumista/amoroso de que você quer, deseja, precisa daquela aquela coisa/pessoa  de qualquer jeito, de qualquer modo, de que ela é sua e ninguém pega, de que você não hesitaria um segundo em levá-la pra casa ali, daquele jeito.

O que vem depois, é claro, é o mais difícil: a racionalização, a burocracia, as chateações da operacionalização do negócio de fato. Mas isso tudo só vale a pena se houver aquele impulso de paixão, aquela fagulha de certeza de que "é ele". "É ela". 

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Conhecer bem o mundo (ainda) não me fez desacreditar no amor, naquela coisa irracional que faz com que você faça coisas que a lógica não explica. Por isso acho que se você já namora há algum tempo e ainda precisa pensar se colocaria ou não aquele adesivosinho de vendido nela (tou só dando uma olhadinha, qualquer coisa eu volto, tá?), hm... sei não, hein? Acho que você tá acomodado num relacionamento que não vai dar em nada mais sério. (e não for pra ser sério, vamo logo ser solteiro e pegar geral!)

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E aí o casamento é pra quando? Não pense no financiamento da casa, no preço das flores da decoração. Não pense no seu diploma, nem no concurso que ela ainda quer passar... 

É ela, é sua, saiam todos, não tem pra ninguém, você viu primeiro, agora é só passar no caixa e levar.


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