[VENDIDO] - Uma teoria sobre relacionamentos

>> quinta-feira, 14 de março de 2013

Todo mundo já viu aquelas propagandas (irritantes) de MEGA SALDÃO DAS CASAS BAHIA - É ISSO MESMO - SÓ AMANHÃ - MEGA SALDÃO DAS CASAS BAHIA (fundo preto, um texto esmagando o outro, explosões, letra amarela e vermelha etc etc).

No dia seguinte as reportagens dos jornais matinais mostram aquelas filas enormes do povo que madrugou pra conseguir comprar uma tv-lcd-de-plasma-de-sessenta-polegadas por apenas [APENAS!] sei lá, dois mil reais.

Nesse momento, assim que as portas são abertas, não há tempo a perder: é ver o preço do produto, decidir em cinco segundos se quer ou não, e colar seu adesivo de [VENDIDO] naquela televisão dos sonhos que finalmente está num preço acessível pra você. É ela, é sua, saiam todos, não tem pra ninguém, você viu primeiro, agora é só passar no caixa e levar.

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Pois os namoros são bem parecidos com os mega saldões das Casas Bahia!

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Sou aquela amiga chata que deixa os casais constrangidos perguntando "e o casamento, é pra quando?"

A resposta geralmente é um riso sem graça e algo como "calma, a gente é muito novo, calma, ela ainda tem que se formar, calma, ele quer passar num concurso, calma, tem que juntar dinheiro, calma blablabla.
Mâs, não é isso que eu estou perguntando. A minha curiosidade é "Mas é com essa pessoa que você vai casar? Você acredita em relacionamentos monogâmicos e mutuamente exclusivos que durem pela vida inteira? Você colocaria um adesivo de [VENDIDO] nele/a? 

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-Mas aaah, você está reduzindo os complexos relacionamentos amorosos a uma orgia comercial, como você pode blablabla

 Gente, it's all about money! Nossas relações comerciais e humanas são parecidas por demais. Pode aplicar a lei da oferta e da procura no quanto você se esforça pra chamar atenção de alguém, que vai dar certo. (mas esse é um tema pra outro post)

***

Voltando à minha pergunta: colocar um adesivo de vendido no seu namorado não é atribuir um valor a ele. O que eu pergunto é se existe aquele impulso irracional consumista/amoroso de que você quer, deseja, precisa daquela aquela coisa/pessoa  de qualquer jeito, de qualquer modo, de que ela é sua e ninguém pega, de que você não hesitaria um segundo em levá-la pra casa ali, daquele jeito.

O que vem depois, é claro, é o mais difícil: a racionalização, a burocracia, as chateações da operacionalização do negócio de fato. Mas isso tudo só vale a pena se houver aquele impulso de paixão, aquela fagulha de certeza de que "é ele". "É ela". 

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Conhecer bem o mundo (ainda) não me fez desacreditar no amor, naquela coisa irracional que faz com que você faça coisas que a lógica não explica. Por isso acho que se você já namora há algum tempo e ainda precisa pensar se colocaria ou não aquele adesivosinho de vendido nela (tou só dando uma olhadinha, qualquer coisa eu volto, tá?), hm... sei não, hein? Acho que você tá acomodado num relacionamento que não vai dar em nada mais sério. (e não for pra ser sério, vamo logo ser solteiro e pegar geral!)

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E aí o casamento é pra quando? Não pense no financiamento da casa, no preço das flores da decoração. Não pense no seu diploma, nem no concurso que ela ainda quer passar... 

É ela, é sua, saiam todos, não tem pra ninguém, você viu primeiro, agora é só passar no caixa e levar.


8 comentários:

Thaís Figueiredo 14 de março de 2013 às 12:26  

Gostei, Bruna. O texto trouxe algumas reflexões boas, mas também me deixou bem reflexiva, hahaha. Não sabia que você escrevia sobre relacionamentos! Achei bem interessante a comparação com os saldões. No fim das contas, a escolha e a decisão formam o momento principal de uma adesão (comercial, amorosa...), você foi muito perspicaz nsse sentido. Parabéns! Beijo :)

Hayane 14 de março de 2013 às 15:07  

O problema é quando vc escolhe aquela TV e descobre que ela é cheia de defeitos (até aí ok) oun que mal funciona...

Bruna Ferreira 14 de março de 2013 às 15:09  

né? só isso explica pq ela tava fácil...

Tatyana A. Milward 14 de março de 2013 às 16:21  

O Nathan pra mim foi assi Laranjinha! hahaha Quando comecei a namorar, pensei é ele! E não adiantou ele terminar comigo, continuei determinada. Até tentei, namorei com outro (vc lembra, né), mas não adiantou, o "é ele" não saía de mim... graças a Deus!

beijosss
Amei seu texto!

Amanda 14 de março de 2013 às 23:03  

Eu entrei de paraquedas na vida do Marcelo e casamos. Respondo bem sua pergunta desta forma? Beijos pra minha brilhante caloura!

Amanda 14 de março de 2013 às 23:03  

Eu entrei de paraquedas na vida do Marcelo e casamos. Respondo bem sua pergunta desta forma? Beijos pra minha brilhante caloura!

Anônimo,  16 de março de 2013 às 15:52  

A pressão que existe para que as pessoas se casem e a pressão que as propagandas fazem sobre os consumidores são de fato parecidas. E são ambas ruins. Decidir sob pressão e de última hora pode fazer você se enganar. Você precisava realmente disso? Era realmente isso que você queria? Ou você escolheu esse por que estava na promoção e era agora ou nunca?
Outra coisa: me pareceu que o texto confunde "amor" com "vontade de se casar".

Leandro

Citrus sinensis 16 de março de 2013 às 16:23  

A pessoa tem todo o direito de dizer "não" à pergunta "Você acredita em relacionamentos monogâmicos e mutuamente exclusivos que durem pela vida inteira?"

Mas acho que isso tem que estar posto no namoro. Se as duas pessoas pensarem assim, ok, escolha pessoal de cada um. O que não vale é criar expectativas, implícitas ou não, na outra parte.

Decidir ficar a vida inteira com alguém não é, nos tempos atuais, em que a mulher não precisa de um marido pra ser respeitada em sociedade, uma escolha lógica, racional, econômica. Assim como ter filhos. É, mais do que nunca foi, uma decisão apaixonada, um gesto de amor e doação, de renúncia ao conforto e à privacidade.

No mais, não é um texto sobre decisões concretas e consequências reais na vida de cada pessoa. É sobre sentimento. Sentir que não poderá viver nunca mais sem determinada pessoa não é garantia de nada. Mas NÃO sentir-se assim diz muita coisa.

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