Coisas que os Romances nos ensinam

>> sexta-feira, 9 de abril de 2010

Mulheres safadas morrem.


Bem, pelo menos na Literatura é isso que costuma acontecer.
Adúltera?  Prostituta? Não importa se ao longo do romance elas ficaram boazinhas, arrependidas ou encontraram o verdadeiro amor. Elas morrem. Vide Lúcia (Lucíola, José de Alencar), Amélia (O crime do Padre Amaro, Eça de Queirós), Luísa, (Primo Basílo, Eça de Queirós) Capitu (Dom Casmurro, Machado de Assis), Madame Bovary, (Idem, Gustave Flaubert),  Margueritte (A Dama das Camélias, Alexandre Dumas Filho), Anna Karenina (Idem, Tolstoy), pra citar alguns exemplos.


Todas essas mulheres hoje são vistas pelos leitores como mulheres fortes e destemidas que enfrentaram a sociedade em nome de um grande amor, mulheres que são símbolo de que o Amor transforma e pelo qual vale a pena até morrer. Mas muitas delas foram idealizadas por seus autores como forma de crítica a essas mulheres depravadas que saem do aconchego do seu lar, onde tem um marido que bondoso, que coloca comida dentro de casa pela primeira aventura romântica que veem pela frente! Por AMOR! Ora, vejam só, o absurdo! 
É por isso que elas tem que morrer. Você quer viver um grande amor? Quer largar a vida de dona de casa ou a de prostituta por um homem que te ama? Ok. Se joga! E morra, que é pra não dar mal exemplo pra leitora-classe-média-burguesinha-que-lê-romances-enquanto-o-marido-está-com-outra.


Mas, a despeito da tese sustentada pelos seus autores, algumas dessas personagens são, hoje, heroinas, mulheres a serem estudadas por nós letristas que vivemos de estudar personagens. Algumas mais nobres, outras mais bobinhas, todas com característica que encontramos nas mulheres de carne e osso, na senhorita que agora me lê. A indicação Literária de hoje é de Primo Basílio (Mas se não puder ler, pelo menos veja o filme!)


Eu defendo a tese de que existem entre nós muitas mulheres-Luisa - a protagonista do romance - e eu mesma já tive minha fase Luísa na vida. (ok, eu sou estranha por comparar as fases da minha vida com personagens literários?). Mas disso eu falo no próximo post. Por ora, fiquemos com uma das passagens mais gostosas do livro:


"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações! "


Sim, é exatamente isso que o Nando Reis Arnaldo Antunes recita em "Amor I Love You:


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