O retrato de Dorian Gray

>> sábado, 3 de abril de 2010

"Bem... Não sei explicar. Quando gosto imenso de uma pessoa, nunca digo a ninguém o seu nome. Seria como que entregar uma parte dela. Habituei-me a manter o segredo. Parece ser a única coisa que nos pode tornar a vida moderna misteriosa, ou maravilhosa. A coisa mais banal adquire encanto simplesmente quando não revelada. Quando me ausento da cidade, nunca digo aos da casa para onde vou. Perdia todo o prazer, se o fizesse. É um hábito tolo, confesso, mas, de certo modo, traz algum romantismo à nosa vida. Você deve achar tudo isto um disparate."

***
O nome desse segredo é O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, publicado em sua versão definitiva em 1891.

Este é um livro-teste. Rápido e delicioso de ler, ele revela o nosso grau de sensibilidade pra arte e pra vida. Ele tira o leitor por alguns instantes da sua rotina preto-e-cinza, e o leva para um mundo cheio de cores, cheiros, toques, vaidades, segredos e desejos, a que este assiste entorpecido, saboreando o gosto de cada palavra.

Depois de ler, se você voltar pra rotina preto-e-cinza sem ter ao menos considerado a hipótese de viver um minutinho na pele do jovem Dorian Gray, esqueça! Você está imune ao fascínio que a Beleza exerce sobre os mortais - e imortais - e é melhor desistir da Literatura, da Arte, de qualquer forma de prazer contemplativo. (é, qualquer forma!)

Não vou agora falar sobre a história do livro (google it), nem sobre a crítica à sociedade vitoriana hipócrita e hedonista que faz o Wilde (oops, falei!), porque minha a dica é: saboreie a leitura e depois pense um instante no que, pra mim, é o grande barato da literatura e o grande mérito do bom autor: Oscar Wilde vai te fazer refletir criticamente sobre a arte, o prazer, a literatura, a beleza, através... através de uma obra de arte, com as descrições mais belas e deliciosas que você já teve o prazer de ler!


Ficha:

O retrato de Dorian Gray (The picture of Dorian Gray), 1890 (1ª versão). 1891 (2ª versão, acrescida de um prólogo e seis capítulos)
Autor: Oscar Wilde, escritor irlandês, biografia aqui (em inglês) http://www.cmgww.com/historic/wilde/
Média nas edições brasileiras de 200 páginas.

"Podemos perdoar a um homem que faça alguma coisa útil,
contanto que a não admire. A única justificação para uma coisa
inútil é que ela seja profundamente admirada.
Toda a arte é completamente inútil." - Prefácio de O retrato de Dorian Gray


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