(Em que abro um parêntese)

>> quarta-feira, 28 de abril de 2010

Apanhei uma página solta do diário dela que brincava com o vento antes de ser agarrada por minhas curiosas mãos. Ela dizia:


***

Há tempos tenho acompanhado de perto os relacionamentos amorosos de amigos - e não tão amigos assim, e os meus próprios, que faço questão de registrar aqui para revisitá-los quando se tornarem passado. Cada história poderia ser matéria de um romance inteirinho, se alguém se dispusesse a escrevê-los. Ora, não sou dada a escrever romances, coisa já velha e em desuso no nosso tempo, mas também não deixo inteiramente de lado as reflexionices características dos ociosos. Vamos a elas.
No que mais penso, é nisso: como se prolongam por tanto tempo histórias que, não fossem pelo fato de existirem, não existiriam? Concluo que é por puro hábito que algumas pessoas continuam se suportando, depois de passado o encantamento da novidade do começo de namoro, sem que tenha sido construído nenhum sentimento de admiração mútua que o substituísse.
Enganam-se os que acreditam ser o amor a argamassa dos namoros e namoricos: insisto que o que os mantém é o hábito, o costume, o fastio que a ideia de mudança e ruptura causa nos espíritos médios.

Formulada essa hipótese, vejo que ela talvez estenda-se às demais relações entre pessoas que são características da vivência humana.... talvez não... e se...?

Mas voltemos aos namoros e namoricos. Melhor, voltemos às reflexionices.

"Sendo o amor idealizado apenas e tão somente isto - uma ideia, o que será mais proveitoso: um sonho perfeito ou uma realidade repleta de pequenas e insistentes fissuras? O senso comum condena devaneios e ilusões, eu por cá não dou a questão por respondida..."

"Se te pergunto 'Por que tu o amas?' e me repondes 'por que ele é bom pra mim', o que devo eu pensar? Que esse é o único motivo, afinal, pelo qual se ama alguém, que tu és egoísta e o teu amor serve às conveniências? Se, por outro lado, tu o amas mesmo que ele seja um traste, que devo eu pensar? Que és uma tola que não ama a si própria, que perdes tua vida em função de um inútil,? Ora, se ele é bom e tu o amas, pensa só no que é bom para si, se ele é bom e tu não o amas, estás desprezando a felicidade. Se ele é mau e tu o amas, és uma tola que se desgasta em um amor infértil, se ele é mau e não o amas, és uma impaciente, uma egoísta que só pensa na tua própria felicidade."

Colocadas estas questões, no que consiste, então, o Amor? é definível? é racional? é escolhido? 
Se o podemos controlar, então não é forte o suficiente, não se trata do Verdadeiro Amor; se não o controlamos, é passageira e ardente paixão, também aí não estamos tratando do Verdeiro Amor.

Oh, não, espere! Do que estou eu a falar? Isto tudo são bobagens, creio que já ter achado a resposta há tempos! A verdade é 

***

E então acabava aquela solitária página. E nós ficamos aqui sem saber, talvez nunca saibamos. A minha sugestão é: escreva você também as suas reflexionices. Quem sabe elas não cheguem por acaso aos blogs do  futuro também?

Fecho parêntese.

2 comentários:

D. Inocêncio 29 de abril de 2010 às 14:22  

Adorei seu texto...lindo, lindo!

hihay?! 29 de abril de 2010 às 21:37  

"Que seja eterno enquanto dure"

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