Em definitivo

>> quarta-feira, 11 de julho de 2012


Esse é o terceiro post diretamente motivado pelo fim do meu namoro.  E também o último. Talvez ele não seja de todo necessário, mas eu preciso desse marco simbólico antes de abandonar as metáforas e as meias palavras, os "leitores" e as "conchinhas". Há tempos quero falar abertamente das minhas novas histórias, da minha nova rotina, das minhas novas experiências. Mas sempre que tentava fazer isso, uma voz aqui dentro me recriminava, me segurava: Calma, ainda não! Vai que...?
Hoje eu calo essa voz. Sim, demorou, porque, clichê dos clichês, pras coisas do coração só mesmo o Tempo. É o tempo que deixa a gente usar com segurança o pretérito perfeito: amei, acabou, sofri, falei, passou; e abandonar de vez os esperançosos subjuntivo do pretérito imperfeito e futuro do pretérito: e se... ( falasse, descobrisse, sentisse),  será que (seria, voltaria, amaria)?
Os nossos tempos verbais falam mais do que a gente conscientemente deixa e deseja.


Nesse post definitivo coloquei os verbos no tempo do fim da relação. 
Vivi todas as fases, que agora - só agora -  relembro sinceramente de coração leve e sem pesar:


  
Been there, done that.
A fossa com sorvete, cortinas fechadas, Adele (nevermind é o caramba!), Chico Buarque (quando você me deixooou..) e Leoni (sim, porque o pé que ele levou da Paula Toller rendeu as músicas de fossa mais fossa da mpb! Pra quem quiser passo as dicas depois!). 
As conversas chorosas com os amigos e o desespero do nunca mais: nunca mais vou amar, nunca mais vou ser amada, nunca mais cinema, nunca mais romance, nunca mais feliz
O "não quero te ver nunca mais", que na verdade quer dizer "eu só queria que você me amasse" e o "vamos ser bons amigos", que na verdade quer dizer "tou aqui por perto, se mudasse de ideia". 
A sensação estranha e inesperadamente boa de experimentar outros cheiros, outros beijos, outros abraços. 

Saaaai, biscate!
O ciúme irracional e retroativo de saber que a outra parte também faz isso, e com todo o direito, claro, o que mesmo assim não faz doer menos. 
A vontade de partir a cara da(s) biscate(s), e a força pra  recuperar a lucidez e o autodomínio (proeza que nem todas conseguem, vide caso Yoki). 
O momento doloroso e difícil de explicar pro seu ego e pra sua autoestima que não, você não é inesquecível, irresistível e insubstituível. 

Efetivo!:)
A inesperada confusão de pensar, de ver que está apaixonada de novo (mas como? Mas como? Eu não amava esse?), e de não saber se está mesmo apaixonada de novo, ou se é a mesma paixão de antes apenas realizada em outra pessoa (olha o nível da loucura!). 
A coragem de dar uma última oportunidade pro velho amor antes de se lançar no novo - e nesse "se lançar" admitir pra si mesmo que o novo pode um dia ser velho também, e depois ter outro novo, e outro, e outro. 







A surpresa de ver que enquanto você hesitava e media as palavras e os sentimentos a outra parte já tinha resolvido tudo na cabeça dela e esquecido de te contar.
A ousadia de se deixar levar de novo e sem medo pelo encanto inebriante da expectativa da nova paixão, da nova personalidade a ser aos poucos descoberta, da nova pessoa a fazer parte da sua vida - por pouco ou muito tempo, pra ser ou não feliz, não importa! Importa a alegria, mesmo que pueril ou passageira, que jazia quase esquecida, da novidade, do desconhecido, do inesperado, do vir a ser do tempo futuro. (e nesse quesito tenho ainda a teoria de que essa paixão pode ser igual àquele café usado pra "limpar" o olfato e o paladar durante uma degustação, hahaha. Eu sei, eu sou louca).

E por fim, a última fase, a que eu concluo hoje: a franqueza de falar do que passou sem mágoa, sem rancor, sem vergonha de admitir que sofreu, mas também sem cair na armadilha da memória que quer fazer parecer que só o passado é que foi bom. De falar com saudade, mas sem saudosismo. De conseguir lembrar com carinho, mas sem nostalgia. De enxergar no outro o "outro" que hoje ele é: exterior, independente, fora de mim.
Acho que essa recapitulação sentimental a gente só consegue fazer quando passa pela última fase mesmo. É claro que o processo todo é doído, é confuso, é cheio de ansiedade. Mas (mais um clichê aqui, porque afinal não tem clichê maior que a fossa) sou da teoria que diz que a gente tem mesmo é que passar por todas elas, com muita paixãão, com muita dor de cooorno mesmo, se for o caso, com  muita Adele e "We could've had it all", pra quando passar, passar de verdade, e quem sabe virar uma reflexão honesta pra gente mesmo e direta com quem tem que ser, como a que eu acho que fiz agora.

Com essa humilde vaidade me despeço e despeço do blog essa história, todo esse mimimi de pós-término que vocês - e eu - já cansaram de ler e ouvir, enfim, esse amor. Que foi bom, foi bonito, foi de verdade. Mas é isso, em definitivo, no pretérito perfeito: foi.

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