O Sumo da Laranja

>> domingo, 15 de julho de 2012

(sim, eu adoro esse meme)
O Sumo da Laranja existe desde 2008 e é filho de dois blogs que eu tinha antes, e neto dos diários que eu mantenho desde os 11 anos. Os diários nasceram da minha necessidade de me explicar pra mim mesma, e de exercitar esse meu prazer de escrever, de lidar com as palavras, montá-las, desmontá-las, ver como elas se encaixam e transformam umas às outras. (aquele prazer de criança de desmontar brinquedo, de ver como o carrinho é por dentro, sabe?) Secretamente eu esperava que alguém lesse meu diário e, magicamente, sem que eu tivesse que passar por todo o constrangimento de me expor de propósito, descobrisse de repente a pessoa profunda, inteligente e cheia de desejos que eu era - e os realizasse por iniciativa própria. Pro meu azar, quando finalmente alguém pegou um dos meus diários, não havia nenhuma profundeza nele, só o registro do meu maior e primeiro surto de vaidade e necessidade de autoafirmação que eu já tive até hoje. (ah, os meus quinze anos que não voltam mais...)
Felizmente o surto passou e logo as páginas voltaram a ser preenchidas com as minhas angustiazinhas, ansiedades e imperfeições. Mas nessa altura eu já sabia que ser ouvida e entendida pelas pessoas não dependeria só de guardar tudo o que eu pensava sobre eles no fundo do meu armário. Eu teria que me mostrar, me expor. Chamar atenção, pedir por ela, admitir que eu precisava dela, que eu precisava me comunicar, que eu tinha cansado de viver acompanhada pela minha solidão. 
Nessa época, quando eu já tava também entrando na UnB eu fiz o primeiro blog, que tem um valor, digamos, histórico: neles estão os textos que eu recuperei dos meus diários mais antigos. Na minha primeira greve da UnB, fiz o segundo, que durou só dois posts. O laranjassumus foi a terceira tentativa, e, bem ou mal, tá aqui até hoje, já há quatro anos. Pra ele eu até pedi prum coleguinha fazer um layout personalizado, vi tutorial de html pra aprender a colocar as opções de facebookar e tuitar e essas frescuras todas. Mas tou bem longe de ser blogueira de verdade.

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Daí agora tou me perguntando o que eu quero com esse blog, por que eu tou aqui num sábado, uma da manhã falando da minha vida pra gente que eu nem conheço? Um blog que nem tem o tema definido: tem as crônicas engraçadinhas, as lembranças da infância, as séries nunca terminadas (preciso terminar a dos populares anônimos!), a tentativa frustrada de convencer o povo a ler mais literatura (vamo ler, gente, ler é bom!), que traz os alunos de ensino médio querendo copiar trabalho na internet todos pro meu blog, hehehe, os textos de opinião nas polêmicas, os de reflexão sobre a vida... tudo misturado! - e agora me ocorreu que isso não é o que me irrita no blog, é o que me irrita em mim mesma... se o blog é o sumo da laranja... se a laranja sou eu... oh, wait!
Quer dizer então que essa mistura toda, sem método, sem foco, sem disciplina, sem constância... sou eu? agora entendi porque é uma hora da manhã de sábado e eu tou aqui! isso é melhor que terapia, gente. E é de graça!

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Voltando pro "estar longe de ser blogueira de verdade", eu acho que eu quero me tornar uma. Talvez seja bom eu deixar que escrever seja um pouco mais que um hobby, e seja quase uma obrigação. Talvez.

O que eu sei é que eu sinto cada vez mais gosto em me comunicar! Trocar experiência de vida, dividir a minha loucura, receber um pouco da loucura do coleguinha - me impressionar com ela, me surpreender com ela! Eu acho que esse é um pouco (quanta indeterminação!) o meu sonho de vida, no fim das contas. Aquilo que, citando Fernando Pessoa, eu tenho de realmente meu, de impenetravelmente e inexpugnavelmente meu.

(Por aqui no blog, eu falo bem mais  do que escuto, porque vocês são muito preguiçosos pra comentar, mas eu sei que vocês leem porque mais cedo ou mais tarde vocês acabam falando comigo. Mas falem mais, falem mais! Vamos dialogizar até o chão!)

Eu escrevo aqui em muito pra satisfazer a vaidade da poetisa eleita, mas a vontade de comunicação com as outras ilhas do arquipélago é genuína! (e é um problema também, porque tudo seria bem mais fácil se eu fosse autossuficiente - ou se pelo menos eu pudesse mentir pra mim mesma que sou!). 
Então, se o que tá me irritando no blog é essa falta de foco de assunto, isso só vai mudar nele se mudar antes em mim. E no fim das contas talvez eu só precise arranjar um jeito de conciliar a escritora irônica e engraçadinha com a colunista social, com a imitadora de Paulo Coelho, com a crítica literária, com a comentarista de  headline, com a porta-voz dos oprimidos. E talvez disso saia uma escritora boa.

(Acabamos - eu e todas as escritoras dessa redação esquizofrênica que tem sede na minha cabeça - de fazer reunião de pauta e decidimos: vamos tentar! Aguardemos o resultado disso)


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