depois daquela paixão...

>> quinta-feira, 2 de junho de 2011

Na último post, vimos uma história que começou na fase confusa da adolescência mas terminou bem - hoje os dois são adultos e felizes. Mas a adolescência é também a fase em que um grande amor pode mudar tudo, tamanho o poder que ele pode ter ao ser alimentado pelo sentimento de desespero e urgência do adolescente. Quem nunca teve um amor assim?

Na história de hoje, duas amigas também se interessam pelo mesmo príncipe - mas dessa vez elas não tiram no palitinho a sorte pra ver quem "chega" primeiro. A mais esperta chegou e pegou - é, eu tenho que corrigir, essa não é uma história bonitinha, é uma história de pegação mesmo. Mas, essa primeira amiga foi também um erro de percurso (e mais tarde acabou descobrindo que não era bem de príncipes que ela gostava).

***
Noite de lua cheia, festa da igreja, barraquinhas, uma banda brega de forró qualquer, e os novos amigos, e os amigos antigos dos novos amigos. Entre eles, ele. Nunca haviam se visto, mas era como se naquele momento ela soubesse que estava diante daquele que mudaria sua vida. E não estava errada. Infelizmente, enquanto estava perdida nesses pensamentos, sua amiga, mais esperta, já estava com tudo esquematizado pra "ficar" com o seu recém-descoberto príncipe encantado. E assim foi. Enquanto os dois iam para um lugar remoto da festinha, ela tentava disfarçar seu ciúme - ciúme absurdo, acabara de conhecer o Fulano! Mas foi pra casa com esse ciúme, que não sabia explicar de que parte sombria de sua personalidade havia surgido.

Dias depois, agora sem a amiga usurpadora, ela reencontrou seu príncipe na casa de uma das amigas em comum. Era sua chance de mostrar que ele havia escolhido a menina errada naquela festa. E deu certo. ele encerrou o "lance" com a outra e três dias depois começava o "lance" dos dois. Uma semana depois o lance virou namoro e foi pras páginas do diário dela: "Estou namorando. O nome dele é ... Estou muito feliz mesmo, a gente se gosta. Eu gosto de estar com ele e acho que ele gosta de ficar comigo. Estou nas nuvens..." Estava nas nuvens. Amava e era amada, tinha o melhor namorado do mundo, o mais divertido, o mais carinhoso. Depois de tantos anos (catorze, hehehe) sozinha, finalmente encontrara sua alma gêmea! Estavam perdidamente apaixonados...

História bonita, né? Não, gente! Esse príncipe é furada! Ele pegou as duas amigas, ele não presta! Bom, continuando...
Um mês depois, ela chegava na escola, dia de prova importante. No intervalo seu namorado aparece (eles estudavam na mesma escola, mas em horários diferentes). Ele está confuso. Ele quer um tempo. (até ontem tava tudo bem). Pra ela, o mundo parece ficar mais escuro. O coração acelera, as lágrimas são inevitáveis. Volta pra sala e faz sua prova (a maior nota de Biologia, ae). Saindo da prova, encontra as amigas, que olham pra ela como quem escolhe as palavras pra dar uma notícia ruim. E a notícia era mesmo ruim. No tempo do intervalo, seu namorado havia ficado com aquela que poucas horas antes a estava consolando por causa do "tempo". Foi traição? Bom, a discussão é sempre a mesma, no melhor estilo "we were on a break".

O fato é que o (agora oficialmente ex) namorado já havia ido embora, mas a suposta amiga ainda estava no colégio. Então a nossa heroína, a pessoa mais calma, pacífica (e molenga) desse mundo, teve um acesso de fúria. Esperou a outra sair e armou um barraco completo, com direito a sair correndo atrás dela, a ser segurada pela turma do "deixa-disso" e tudo mais.

Anos mais tarde de ocorrido o barraco - que acabou em conversa e não em pancadaria, para decepção dos transeuntes que pararam pra assistir -, caiu a ficha: ele havia feito com ela o mesmo que fez com a primeira amiga.

Mas naquele tempo ela não via as coisas dessa maneira. Ela era uma grande vítima da inveja do mundo, da canalhice dos homens, da falsidade das mulheres. Curtiu fossa, foi consolada pelas amigas, chorava na escola sem motivo ao ver que o ex continuava - e bem - a vida sem ela. Se apegou a tudo que lhe permitia estar mais perto dele - principalmente aos amigos em comum, que na verdade eram amigos dele e que agora ela faria de quase tudo pra que fossem dela também. Depois de um tempo, a raiva deu lugar à carência, e, tentando reencontrar naquele cafajeste o que havia sobrado do seu antigo namorado apaixonado, ela se perdeu. Encontrou-se com um seu lado sombrio que ela não conhecia. Descobriu que podia trair, dissimular,  '"pegar sem se apegar", manipular. Aquela paixão e aquela fossa mal curadas despertaram o que de pior havia nela.
Mas essa é outra história.

***

No fim dessa história começava uma nova etapa da vida da nossa heroína. Sua vida se dividia em antes e depois dessa paixonite. Se antes ela gostava em silêncio, agora estava apaixonada, um amor que precisava se declarar, chamar atenção. A adolescência é o jardim dessas paixões que causam reviravolta, que distorcem a percepção da realidade, que são avassaladoras, que são urgentes, que, apesar de tão pueris e infundadas, parecem eternas. 
Se você está vivendo uma dessas, querida leitora, se jogue de cabeça, mas eu já vou avisando: vai passar. Se você viveu uma dessas e agora está se lembrando com vergonha das coisas absurdas que fez por essa paixão, eu te digo: chegou o tempo de rir disso tudo! Se você está se recuperando de uma dessas paixões que ultrapassou o tempo da adolescência, um conselho: se recupere bem! cure esse mal bem curado! Vá curtir a fossa que tiver que curtir, chorar no ombro de quem tiver que chorar. E depois ponha um ponto final nessa história, pra ser livre novamente. Uma paixonite dessa mal pode te impedir de conhecer seu futuro príncipe de verdade...

Termino esse post com um poeminha (cafoninha e com o tema mais que batido) do diário da nossa heroína:

O que será?

Se não é amor...
por que me lembro de ti a toda hora e qual a
razão de ficar triste ao te ver longe de mim? 
se não é amor...
por que a toda recordo seus olhos, seu sorriso
e seu modo de falar?
se não é amor...
então por que a todo instante te vejo em minha mente, 
e nas minhas recordações está sempre presente?
se não é amor...
por que essa vontade louca de te querer? e por 
que essa certeza de que jamais te esquecerei?
se não é amor... o que será?

Update: não era amor.

1 comentários:

Anônimo,  2 de junho de 2011 às 15:49  

Amor, será que isso existe?
Sinceramente, começo a achar que não. Ou, pelo menos, não mais.

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