Faça amor, não faça a barba!

>> quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Texto meu publicado aqui.

Há aqueles que contam a história de seus amores pela inflexão de cada olhar, pelo tom da voz, pela intensidade do toque. Nossa história se lê na tua barba. Sim, na tua barba. Palavra áspera, como a princípio era ela própria, machucando meu rosto quando nossos lábios se encontravam naqueles primeiros beijos apaixonados. Até então, nada sabíamos sobre o nosso futuro, e cada beijo poderia ser o último. E era com esse desespero emocionado de “última chance” que nos beijávamos, e a tua barba por fazer, áspera, dura, penetrante, riscava minha pele, traçando as primeiras linhas da nossa história.

Mas não era nossa última chance. E com a sua barba cresceu também o nosso carinho mútuo. A aspereza inicial deu lugar à suavidade do toque da pele que hoje eu acaricio com todo o afeto do mundo. Tua barba é a moldura perfeita dos lábios que tanto desejo beijar. E quando o faço, de olhos fechados, sentindo que posso levitar a qualquer momento, perdida no infinito do nosso bem-querer, é nela que toco para ter certeza de que sim, é verdade, estamos juntos, unidos por um fio – por todos os fios que emolduram o sorriso mais charmoso entre os sorrisos mais charmosos.

Assim, enquanto os outros amores são contados por dias, meses e anos, o nosso será contado pela sua barba: no nosso primeiro beijo ela estava por fazer, no primeiro “eu te amo”, seu cavanhaque estava perfeito. Naquela viagem apareceu o primeiro fio branco!

Quem sabe estaremos juntos até que ela se torne totalmente grisalha, depois branquinha? E, como faço hoje, será ao tocar nela, ao senti-la na minha pele, que todos os dias eu pensarei, feliz: é real!


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