fobia de semiconhecidos

>> quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sabe aquela pessoa que seu amigo/irmão/primo te apresentou rapidamente naquela festa? Sabe aquela pessoa pra quem você perguntou “Já passou a lista?” numa aula do seu primeiro semestre? Sabe aquele vizinho que mora na ponta da rua e você vê de vez em quando lavando o carro?

Então você sabe o que são semiconhecidos. São aquelas pessoas que você sabe que existem. E a interação social parou por aí.
E até aí, tudo bem, os semiconhecidos existem e precisam ser mantidos, afinal, nunca se sabe quando vamos precisar deles, pra apresentar aquela amiga gatinha, pra deixar você furar fila pra assinar a chamada, pra te ajudar a empurrar o carro quando a bateria descarregar na porta de casa (ok, isso não deve acontecer com vocês na mesma freqüência com que acontece comigo). Mas você pode precisar um dia, não é mesmo?


os dois candangos eram semiconhecidos que só
se viram no dia de tirar essa foto

É. Mas você mora em Brasília. Isso significa que, mais cedo ou mais tarde, invariavelmente, você vai encontrar seu semiconhecido fora do seu “contexto” normal: fora do churrasco, fora da sala de aula, fora da sua rua! E nesse contexto, em que todos os outros serão DESconhecidos, o SEMIconhecido será a sua relação mais próxima de amizade. E é aqui que surge o grande dilema do brasiliense: cumprimento ou ignoro? E se eu cumprimentar e ele não se lembrar de mim? E se eu ignorar e ele falar mal de mim depois? Melhor cumprimentar. Mas como? Um sorriso de longe? Um “oi, tudo bem? Jóia!” Dou um a-b-r-a-ç-o? Paro e vou conversar? Mas sobre o que, a gente não tem assunto!


brasilienses são
 mestres em fazer a
egípcia.
 
Enquanto você, caro amigo brasiliense, pensa nisso tudo, a sua chance de fingir que não viu o semiconhecido se foi. É óbvio que ele já te viu também. Agora é torcer pra que a sua decisão seja a mesma da dele (porque, afinal, você também é um semi-conhecido pra ele, né?) e pra que você não pare pra conversar enquanto ele decidiu que você merecia só um sorrisinho de longe.

Cansada de resolver esses exaustivos dilemas internos a cada vez que cruzava com um semiconhecido, eu adotei duas técnicas infalíveis. A primeira é sempre perguntar alguma coisa mais ou menos pessoal na hora que conheço o futuro semiconhecido – algo que faça ele se destacar na minha memória no inevitável encontro futuro. Assim, se eu decidir dar um sorriso de longe, mas ele quiser parar e conversar, eu vou poder perguntar algo do tipo “E aí, já superou a dor de corno daquele churrasco?” É uma alternativa arriscada, que só vale usar se você já tiver o estigma de “extrovertida”, como eu.


A segunda vale pra qualquer situação, nunca falha, eu “super” recomendo – MAS NUNCA USE CONTRA MIM –, é usar o celular. Atender uma ligação imaginária que te impeça de falar com o semi-conhecido mas te permita dar aquele sorriso de longe, ou, em casos mais graves em que nem o sorriso você quer dar, pegar o celular, abaixar a cabeça e digitar aqueeeeeela mensagem de 160 caracteres – ou quantos forem necessários para que o semi-conhecido vá embora e volte para o lugar de onde nunca devia ter saído – o limbo das amizades.

2 comentários:

Juliana 19 de maio de 2011 às 13:57  

Confesso que semiconhecidos se tornaram comuns na minha vida depois que cheguei em Brasília... :P

Rayanne,  19 de maio de 2011 às 14:16  

Essa do celular é bem artista fugindo das entrevistas...

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