o primeiro amor (parte 2)

>> terça-feira, 24 de maio de 2011

Falar do amor do outro faz pensar nas nossas memórias, nos nossos desejos, nas nossas frustrações. Deveríamos nos sentir culpados por explorar isso? Hm, não.

Depois da historinha de ontem sobre o primeiro amor dela, trago hoje uma sobre o primeiro amor dele. Meninos também amam aos nove anos de idade!
Ou pelo menos o M. C. amou.

*** 
Foi entre os nove e dez anos de idade (quarta série ou seja lá como se chame hoje em dia).
Eu sempre tive paixões a primeira vista arrebatadores, inclusive antes disso (sim, eu era uma criança precoce e idealizadora). Quando eu cheguei no primeiro dia de aula e vi a garota comecei a tremer e etc. Eu achava que ela era linda (e, de fato, ela era), que eu ia amá-la pra sempre, aquela coisa toda. Só que, como era absurdamente tímido, não tinha coragem nem de conversar com ela. Eu era do tipo que sofria sozinho, dava bandeira que tava gostando e ainda negava quando as pessoas ao redor vinham tirar com minha cara. (oooooouuun)

Acontece que, no decorrer do ano, inventaram um tal de correio dentro da escola, onde bastava primeiro nome, série e turma pra que se pudesse enviar carta a qualquer aluno. Coincidentemente e paralelamente esse foi meu período de maior sucesso com as garotas (nota-se aqui uma vida amorosa meio fail). Várias delas aproveitaram o ensejo pra mandar cartinha se declarando pra mim. (hahaha, garanhão aos nove anos) Se não me engano eram umas seis. Porém, meu coração já estava transbordando de amores pela garota que descrevi incialmente e que sequer me olhava.

Com o passar do tempo e com a aproximação das pessoas da turma, eu acabei conhecendo-a, conversando um pouco com ela e descobri o trauma da minha vida: ela era saidinha (leia-se, piriguete-mirim) e só queria saber dos "mais velhos". Jamais olharia pra mim. Hoje eu rio ao lembrar do tanto que sofri e me maldisse por, simplesmente, ter levado uns três anos a mais do que eu queria (naquela época) pra nascer. Mas, mesmo sabendo que jamais aconteceria nada (até porque eu morria de nervoso com menina, corria de todas que me mandavam cartinha e, provavelmente correria da que eu amava) eu continuei alimentando dentro de mim o que sentia e idealizando.

Houve um episódio fatídico num daqueles eventos escolares que, a professora (que, não sei porque cargas d'água, me adorava, diga-se de passagem) nos vestiu de Colombina e Pierrot para um desfile de carnaval à moda antiga. (...) desfilar de mãos dadas ao lado dela foi um dos momentos mais sublimes da minha (à época, recém-iniciada) vida amorosa.

O trágico final disso tudo foi mais trágico do que eu imaginava. Ela acabou se tornando, no decorrer do ano letivo, uma daquelas garotas populares, que conhecia muita gente pela escola, era bem relacionada com todos da sala, etc. Então, no decorrer do ano, ela foi aos prantos declarar que estava partindo do Distrito Federal pra Campinas/SP. Meu mundo caiu. Demorou meses (aos dez anos de idade, meses me davam a sensação de décadas) pra que eu me recuperasse da grande desilusão amorosa que foi a coisa toda. Tanto que só me apaixonei de novo cerca de três anos depois.
-
Marcelo Castro

***
A história do nosso apaixonado-mirim termina com ele procurando sua colombina na internet para, por um lado, se certificar de que ela não era essa coca cola toda, e, por outro, finalmente descobrir que ela era realmente a mulher da sua vida. Não aconteceu nenhuma coisa nem outra, porque a sua suposta colombina não sabia ao certo se já havia estado com esse pierrot que nos escreve. Mas de dez anos depois, essa é ainda uma das memórias mais marcantes da vida amorosa do nosso amigo! Fofo, né? Não tão depressa...

Quais as lições que essa pequena historinha nos ensina?

Vejamos. Nosso amigo Marcelo deveria ser um super fofinho quando criança (eu com certeza seria uma das seis que escreveram cartinha pra ele). Mas, em vez de olhar pra uma delas, escolher a mais ajeitadinha e ser feliz aceitando o amor de uma mocinha que o adorava, ele preferiu a biscate da Colombina, que já devia estar dando uns amassos atrás da caixa d’água com os meninos da 7ª série enquanto ele tava feliz em segurar na mão dela pra desfilar.

Isso só comprova minha teoria (é, eu tenho várias teorias) de que todos os homens são originalmente legais e bonzinhos, até que vem uma vaca de uma Colombina e os traumatiza, fazendo com que eles achem que nós menininhas somos todas iguais.
Da próxima vez, Sr. Marcelo, peça um conselho pra tia laranjinha e seja feliz ao lado de uma das seis que te mandaram cartinha!
  
Isso me lembra um versinho (meio tosco, é verdade) de sabedoria popular infantil, com o qual termino esse post:

Ama quem te ama,
e não quem te sorri,
pois quem sorri te engana
e quem te ama sofre por ti.

****

P.s.: E vocês, meninas, já tiveram seu dia de colombina na vida de algum rapazinho tímido? Já traumatizaram algum menininho que era inocente até conhecer vocês?
E vocês, meninos, já se apaixonaram por uma biscate dessa que te deixou desiludido com toooodas as mulheres?

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